[Resenha] Romance em San Marino - Livro II


Resenha: Romance em San Marino - Livro II
Autora: Lidia Rayanne
Edição do Kindle

Intrigas e obscuros segredos abalam a pequena República de San Marino. O futuro de Marco e Ângela como de toda população do Monte Titano está em risco. Lidia Rayanne nos conduz a uma sequência repleta de ação, romances, batalhas e muitas revelações.


Assim como o próprio nome já diz o romance é ambientado no início do século XIX na pequena República de San Marino, uma região que permanece livre das guerras napoleônicas, graças ao Imperador Bonaparte. No entanto, apesar de ser uma região pacífica, é um local marcado por cicatrizes do passado e que guarda muitos segredos.

“As relações ilícitas geralmente terminam em desgraça. E o doce sabor da paixão é substituído pelo gosto de sangue. Os caminhos desse tipo de amor levam seus amantes à sepultura. E o seu fim será amargo quando o vingador buscar sua revanche.”

“Não tenha medo das sombras. Porque amanhã será história. Feche os olhos, não tenha medo. A escuridão não roubará sua glória. Feche os olhos, não tenha medo. Espere o sol acordar. Porque estarei aqui esperando. O momento de te abraçar.”

O primeiro livro nos introduz a história, vida e romances das personagens tanto principais como secundárias da trama. Somos apresentados à Ângela Olivério e Marco Casali, dois jovens de classes distintas, mas que devido a um inusitado encontro acabam se conhecendo, construindo uma linda amizade que engloba conversas e estudos sobre política, capitães-regentes e San Marino. No entanto essa amizade singela e verdadeira acaba se transformando, aos poucos, em algo maior...amor.

“Foi quando seus olhos se encontraram com outros na multidão, olhos castanhos e brilhantes que provocavam até mesmo alterações nas batidas do seu peito, apenas pelo simples fato de sustentar aquele olhar. Sim, era Ângela. Não havia a menor dúvida de que aqueles lábios volumosos contrastando no rosto cor de oliva também pertenciam à sua ragazza. Mas ele percebeu com surpresa que os lábios dela não estavam mais tão pálidos como de costume. Não, eles estavam num tom avermelhado, tão desejável, que seria um crime não beijá-los.”

“É humanamente possível que ele tenha se tornado mais bonito desde a última vez em que o vi? Ângela não lembrava se alguma vez na vida havia realmente prestado atenção em toda a perfeição de Marco, ou em quão fácil era se perder na vastidão de seus olhos azuis.”

“Eu também te amo, mia ragazza, de uma maneira que você nunca poderia imaginar. De uma forma que nunca pensei que pudesse amar outra pessoa. De colocar a minha própria vida em perigo por você. De cuidar de você, mais do que de mim mesmo.”


“[...] pensou que se tratasse de um camafeu, mas então notou o desenho em alto relevo de três torres sobre três picos. O símbolo do Monte Titano e do brasão da República de San Marino. Ângela virou o medalhão e viu que havia uma frase em latim gravada no verso. 'Fatum nationis in tuis manibus est.' Ela disse em voz alta. ‘O destino desta nação está em suas mãos.’”

“Era da minha mãe.” Ele explicou com um adorável rubor atravessando seu rosto. “Papà deu a ela como um presente de casamento. Me desculpe por não ser algo novo, mas… eu queria te dar algo que tivesse significado para mim e essa é a coisa mais preciosa que tenho. Representa o futuro que construímos e eu estou entregando o meu futuro em suas mãos, mia ragazza.”

O amor entre o jovem casal enfrenta diversos obstáculos, um deles se denomina Vittore Bonelli, primo de Marco, que se apaixona perdidamente por Ângela (falarei mais sobre ele no fim desta resenha), o outro obstáculo é a mimada Alessa Vicini que chegou a ser durante um bom tempo noiva de Marco e tem uma obsessão absurda pelo jovem Casali (toda vez que ela aparece me dá uma vontade enorme de dá um tapa na cara dela, vai saber por que né? Haha), no entanto, nesse volume o casal terá que lidar com um inimigo misterioso cujas estratégias são sombrias e perversas. Ao longo da trama, percebe-se que a história não se limita apenas ao possível romance de Marco e Ângela, abordando também outros relacionamentos secundários, que encantam e cativam tanto quanto o romance principal do livro.

“[...] seus olhos novamente concentrados na rosa. “Tenho certeza de que ela tornaria o arranjo mais adorável, porém ela está alta demais para que eu possa alcançá-la.” Ela suspirou e voltou-se para Louis com um sorriso condescendente. “Mas talvez seja este o destino dela, não é? Algumas coisas não foram feitas para serem possuídas.” Louis deslocou o peso de um pé para o outro antes de responder. “Se a madame me pedisse, certamente eu iria até lá para buscá-la.”

A trama também aborda todo um contexto político e histórico da região, onde o leitor se depara com conflitos e mistérios que afligem San Marino e que ficam ainda mais nítidos após a chegada de dois estrangeiros e o surgimento de misteriosos cavaleiros negros. Todas essas questões são introduzidas e apresentadas no primeiro volume, portanto o livro II nos traz uma leitura repleta de expectativas e busca por respostas sobre os supostos mistérios que rodam a trama.

“Infelizmente não, minha jovem. Por mais brilhante que sejam suas ideias, receio informá-la de que os cavalheiros em geral têm a tendência a preferir que as mulheres não estejam envolvidas em seus projetos, o que dirá à frente deles.”

“Não é nenhuma novidade para mim que certos homens possuem esse tipo de pensamento, signore. Contudo, não consigo compreender a dificuldade que têm em aceitar uma mulher trabalhando ao seu lado.”

A sequência deste romance aborda com mais detalhes o passado de alguns personagens (aspecto que ADOREI) que é um ponto muito importante e relevante para uma maior compreensão da história, a autora conecta os fatos com maestria e conduz ao leitor a um desfecho surpreendente, emocionante e intrigante.

“[...] eu já havia escolhido você em meu coração. Você é quem eu escolhi para ser a minha esposa. A primeira mulher da minha vida. E eu quero que seja a única.”

“Era possível alguém morrer de felicidade? Pois era assim que Ângela se sentia, como se a felicidade fosse preencher cada lacuna de seu ser a ponto dela explodir.”


“Marco admirava a ousadia de Ângela, em como ela não se importava com o que os outros pensavam ao seu respeito, mas ainda sim estava sempre disposta a ajudar essas mesmas pessoas. Ou de como ele apreciava sua sagacidade, mais madura do que a maioria das pessoas que conhecia. E apesar de tudo, ela ainda possuía uma alma apaixonada e um coração puro como o de uma criança. Sim, ele amava tudo nela [...]”

“[...] eu sempre te admirei pelo modo como você é gentil e cavalheiro com todos à sua volta, até mesmo com aqueles que não merecem. Em como você expressa o seu amor pela sua família e por mim. E sabe, eu me considero muito feliz por você nunca, nunca ter exigido que eu mudasse, nunca ter pedido para que eu largasse a minha escola ou desistisse dos meus projetos para agir como uma mulher comum.”

A duologia Romance em San Marino apresenta uma leitura fluida, com diálogos inteligentes e divertidos, mas há um pequeno contraste entre o primeiro e o segundo volume, pois no livro II temos uma temática mais sombria, onde as personagens (principalmente Marco e Ângela) enfrentam dramas e problemas maiores. No entanto, aspectos e valores já trabalhados no primeiro volume se mantêm como o valor de uma verdadeira amizade, união da família, e respeito e confiança no companheiro.

“Eu realmente desejo que vocês sejam felizes. Mas espero que saibam que o casamento não é… algo fácil. Ao contrário do que os romances nos fazem acreditar, nem tudo termina com um ‘felizes para sempre’. Há momentos de alegria, claro. E carinho. Porque se não tivesse não teria muita graça, não é mesmo? [...] Mas também há momentos sombrios, de tristeza e trevas profundas. E é nessas horas que provamos o quão forte e verdadeiro esse tipo de amor é.”

“O olhar da prima se perdeu para além da janela aberta, encarando o horizonte acinzentado pela chegada da noite, a melancolia das nuvens refletindo em seus olhos escuros.”

“A sua única transgressão foi não permitir que os outros interferissem na sua decisão de me amar, e nisso eu sou tão culpada quanto você…”

“Ângela apertou a mão da prima em gratidão. Ela podia reclamar às vezes das desvantagens de ter uma família grande e que se metia em cada detalhe da sua vida, mas se tinha uma coisa que admirava nos Olivério era sua unidade familiar, tão intricada e forte como os elos de uma armadura.”

Um aspecto interessante e que me agradou muito foi o fato da autora manter fiel as personalidades das personagens, o leitor se depara com amadurecimento de alguns (como de Marco, por exemplo) e se surpreende com algumas decisões tomadas (como Ângela que me surpreendeu em diversas ocasiões e sua mãe Laura que me surpreendeu até demais), no entanto eles permanecem com a mesma essência. São personagens plausíveis, verdadeiros e humanos, porque eles sofrem, se revoltam, crescem, erram, amam, perdoam, se decepcionam, e nós leitores acompanhamos toda essa trajetória, que nos envolve, nos toca e mexe com nossas emoções.


E falando em emoções, hora de falar de Vittore, o personagem que ganhou o meu coração e respeito ao longo da trama. Em nenhum momento achei Vittore um personagem desagradável, pelo contrário, ele é um personagem que tem presença e que, de fato, marca sua presença por onde passa. Eu, como leitora, não torci por Ângela e Vittore, (até porque nunca gostei da forma que ela o trata) mas sempre desejei desesperadamente um final feliz pra ele e vou explicar o porquê.

“Se Vittore tivesse conhecido Ângela antes dela ter se apaixonado por Marco, será que ela teria lhe escolhido? Será que Vittore realmente a amava? Todo aquele sofrimento irracional era provocado pelo desejo de tê-la ao seu lado ou por que Vittore sabia que não poderia tê-la? Mas… e se seu primo não existisse? Ângela continuaria exercendo o mesmo fascínio sobre Vittore, ou ela era apenas um prêmio que sua mente tortuosa queria arrebatar do jovem Casali?”

“Ele ouvira sua tia Pilar murmurar uma vez que algo muito importante dentro dele deveria ter se quebrado quando seus pais morreram e, por ele ser jovem demais para lidar com todas aquelas perdas, nunca conseguira se reajustar adequadamente. ”

“Era verdade que seu coração havia sido despedaçado dezenas de vezes nos últimos anos, só que suas desilusões serviram apenas para forjar uma armadura existencial que o protegia contra o mundo. Porém, por mais que se esforçasse, por mais que Vittore se isolasse, sua armadura não conseguia deixá-lo insensível a tudo. E ele tomou consciência disso no instante em que viu Ângela Olivério adentrando no salão naquela noite.”

“A visão da jovem Olivério o sufocava como naquela noite, mas não com aquele tipo de dor que parecia levar toda sua vida embora. Não. Vittore sentia como se sua dor fosse aumentar se ele se mantivesse longe dela, nem que fosse por mais um minuto. Com um sorriso que ameaçava rasgar os músculos de sua face, Vittore saiu ao encontro de Ângela, mas estagnou no meio do caminho quando notou outra pessoa indo até ela. Marco Casali.“


“E lá estava ele, descendo agora o olhar de seu rosto para sua cintura e voltando a encarar seus lábios com um desconcertante sorriso torto. Não havia traços de sarcasmo ou desprezo nos olhos dele, como Ângela vinha esperando, apenas devoção e desejo, como se ela fosse algo que ele ansiava possuir. E Vittore não tinha a menor vergonha de demonstrar isso, mesmo estando cercado por dezenas de pessoas.

“Então você está…” Ângela engoliu em seco, se esforçando para que sua voz não soasse ansiosa demais. “… interessado em ouvi-las?” O jovem Bonelli levantou um dos cantos de seus lábios antes de responder. “Claro que sim. Um homem precisa se divertir rebatendo as ideias de uma mulher de vez em quando.”

“Eu só quero que você entenda que, se me escolher, eu nunca, nunca vou abandoná-la. Nunca vou fazer você chorar dessa maneira… Eu prometo, céus, eu juro que vou protegê-la e amá-la com toda a intensidade que você merece. Basta você apenas me responder, mia ragazza. Apenas diga a palavra certa. E eu prometo que a felicidade nunca mais deixará você…”

“Porque eu a amo… As palavras pareciam tão surreais quanto dolorosas agora, tão estúpidas como um anseio juvenil. Mas verdadeiras. Ninguém sabia o quão profundo e sincero eram os sentimentos de Vittore por Ângela [...]”

Por traz dessa máscara rude e arrogante, Vittore é um homem solitário e infeliz, além de ser muito mal compreendido e julgado, principalmente nesse volume, onde ninguém sabe quem é o verdadeiro inimigo, quem pode estar por traz das ameaças e quais as motivações que levaram essa ou essas pessoas a cometerem as atrocidades que surgem na trama. Não me entendam mal, eu ADORO Marco e Ângela, mas não mexem com o Vittore queridos que aí vocês estão arranjando problema comigo-risos. Mas falando sério, Vittore é um personagem que me marcou e que entrou na minha lista de favoritos, eu nunca desisti dele e fiquei extremamente feliz em ver que eu não estava errada diante de sua postura e personalidade. E não posso deixar de mencionar que tinha alguém me representando ali, quando a senhorita Gozi se levanta no conselho pra defendê-lo eu dei um grito: ISSO GAROTA! Essa foi, COM CERTEZA, a minha cena favorita do livro.

“O signore Bonelli jamais faria isso!” Uma voz feminina quebrou de repente a quietude do salão, como o choque de um vidro sendo despedaçado. “Ele nunca se sujaria por tal coisa. Nunca! Vocês não veem? Não percebem isso?!”

“Mas é nesses dias ruins que você se lembra.” “Do quê?” Marco murmurou enquanto enxugava o rosto nas mangas da camisa amarrotada e suja. Quando Vittore voltou a lhe encarar, havia um brilho intenso em seus olhos verdes acastanhados, uma sabedoria quase agressiva. “Das pessoas que você ama. Das que ainda estão vivas. Das que você sabe que se importam com você.”


Eu agradeço a autora por essa ótima leitura, por ter criado personagens tão cativantes e queridos- principalmente por ter criado Vittore (bem que podia ter um spin-off Vittore e Gozi hein) e desenvolvido uma história que não segue os mesmos padrões, mas que tem sua própria receita e essência.

O livro retrata de forma envolvente uma história repleta de romances e mistérios. Através de uma narrativa primorosa que envolve política, conhecimento e poder, Lidia Rayanne, nos conduz a uma trama marcada por cicatrizes do passado, intrigas, segredos obscuros, romances e incríveis revelações. Logo, logo teremos o primeiro volume físico publicado pela Editora Skull, portanto não deixem de conferir essa duologia. Super recomendo.


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Eloise G.F

4 comentários

  1. Você não tem noção o quanto estou encantada com essa resenha maravilhosa, Elo! Feliz demais em como San Marino te encantou, e como o signore Bonelli ganhou o seu coração ❤❤❤

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    1. E como encantou!!! <3 Eu agradeço pela ótima leitura Lidia e lhe desejo muito sucesso. Fico feliz que tenha gostado da resenha. Ainda quero ler alguma história com Vittore algum dia heim haha

      Bjokas!!!!

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  2. Oi, Eloise!
    Estou curiosa faz tempo com essa duologia, desde que vi aqui mesmo no seu blog posts de indicação. Como sou apaixonada por romance de época (você já sabe!kkk) a premissa me deixou interessada porque achei bem diferente do que costumo encontrar. Os personagens me pareceram bem construídos também, isso é uma coisa que adoro. Vou ler com certeza! Resenha e fotos lindas, você arrasa! ❤

    Beijos,

    Rafa - Fascinada por Histórias

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    1. Oi Rafa, acredito que você irá gostar sim. Achei a série muito bem trabalhada e bem original. Me encantei pela escrita da Lidia e por suas personagens. Espero que você tenha a oportunidade de lê-los e se encante também. Vou querer saber sua opinião. <3 Muito Obrigada!!!!

      Bjão!!!

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