[Séries de TV] Stranger Things


De princípio, eu estava pensando em postar no blog apenas assuntos vinculados a livros, ou seja, se eu abordasse séries de tv ou filmes seria para discutir algum tipo de adaptação. Mas resolvi criar uma coluna que fala sobre Séries de TV, porque não posso negar que Stranger Things mexeu muito comigo. Como fã de filmes da década de 80 e pelo imenso amor que tenho por Steven Spielberg, eu resolvi comentar sobre essa série aqui no blog!


Stranger Things é uma websérie americana criada pelos irmãos gêmeos Matt e Ross Duffer, que aborda gêneros de suspense, ficção-científica, terror e muitas referências nostálgicas de filmes da década de 80, como "E.T" e "Goonies", e também obras de Stephen King. A história em si é ambientada no ano de 1983, apresentando fortes temas culturais da época, presentes em sua abertura, trilha sonora, caracterização e nas inúmeras homenagens exibidas na série.


A trama se inicia com o desaparecimento misterioso de um garoto na pequena cidade fictícia de Hawkings, no estado de Indiana, EUA. Não só a polícia, mas toda a cidade se mobiliza na busca do garoto perdido, inclusive seus melhores amigos, um grupo de jogadores de Dungeons & Dragons, fanáticos por Tolkien, HQs e Star Wars, que no caminho, encontram uma misteriosa e estranha garota que apresenta poderes telecinéticos, e acabam mergulhando num fascinante mistério que ronda a cidade, envolvendo experimentos do governo e forças sobrenaturais. No entanto, a história não se prende apenas ao suspense e mistério, claro que este é o grande foco da série, mas também há alguns conflitos que os personagens passam que remetem, ou a um passado distante ou recente, problemas entre famílias ou na escola, que emocionam o espectador. É uma trama que pode ser ao mesmo tempo assustadora e emocionante.

A série foi disponibilizada pela Netflix desde dia 15 de Julho deste ano e já é febre entre os internautas do mundo todo. A primeira temporada possui 8 episódios, com duração de uma hora cada. A série conta com um grande elenco envolvendo a lindíssima e talentosa Winona Ryder, grande ícone dos anos 90,já interpretou a personagem Lydia Deetz no filme "Beetlejuice", e Kim Boggs em "Edward Mãos de Tesoura" -amo esse filme-, ela é muito fã do cinema da década de 80 e colaborou com os diretores desta série fornecendo diversas referências. Outros dois grandes atores: David Harbour -que me lembra muito Jack Nicholson- e Mathew Modine. Mas quem rouba as cenas, na verdade, são as crianças que fizeram um excelente trabalho: Finn Wolfhard como Mike Wheeler, Millie Bobby Brown como Eleven/Onze, Gaten Matarazzo como Dustin, Caleb McLaughlin como Lucas e Noah Schnapp como Will Byers.


Matt Duffer, em entrevista para o site Variety, informa como é divertido trabalhar com televisão, os atores o inspiram e consequentemente provocam mudanças nos personagens, indo para um caminho, que inicialmente, nem ele tinha planejado. Matt afirma que os atores os inspiraram a escrever algo ainda melhor.

Em entrevista a AV Club, os criadores informaram que para vender a série a Netflix , eles apresentaram um trailer utilizando imagens de aproximadamente 26 filmes diferentes, entre eles estava "Poltergeist", "Halloween", "A Hora do Pesadelo", "Super 8" e "Looper". Eles incluíram desde clássicos até filmes mais recentes, para mostrar o que pretendiam produzir na sua série. Os irmãos Duffer tinham como objetivo emparelhar o maravilhoso universo de Steven Spielberg com o senso apavorante de John Carpenter. Sendo assim, a série foi produzida com diversas referências do fim da década de 70 e décadas de 80 e 90.

As referências estão presentes logo no primeiro episódio, onde há clara ligações com o filme "E.T" de Spielberg. Os jogos de rpg no ínicio, o grupo de meninos andando de bicicleta pela cidade e floresta. A relação das personagens Mike e Eleven lembra muito a forma que as crianças do filme de Spielberg lidam com o estranho e.t, escondendo-a dos adultos ou disfarçando-a para circular nas ruas sem chamar atenção. Há também muitas referências de "Goonies" e "Conta Comigo" (Stand By Me), que são filmes que também abordam grupo de garotos pré-adolescentes que andam em suas bicicletas, buscando se aventurar por algo em sua pequena cidade. E não para por aí, outra referência é a “A Hora do Pesadelo”, que não irei contar muito aqui, mas tem toda aquela relação de ter contato com uma outra dimensão através de uma espécie de mundo dos sonhos. Uma curiosidade é que  o nome Nancy é tanto da mocinha da série Stranger Things (irmã mais velha de Mike), como também da mocinha em "A Hora do Pesadelo", e o objetivo dessas personagens, em ambas produções é similar. Os poderes telecinéticos de Eleven/Onze tem como inspiração as duas obras de Stephen King, "Carrie" e "Firestarter". Há também a presença constante de elementos nas casas, como um pôster do "Evil Dead" no quarto de Jonathan, irmão de Will Byers, e brinquedos do Mike como o boneco do Yoda ou a pequena nave Millenium Falcon.



A influência do filme “Tubarão” está presente na forma que o suspense é elaborado em torno do monstro da série e seu sentido aguçado por sangue.  Os criadores contam em entrevista à Variety, um ponto interessante acerca do monstro, eles explicam que cresceram assistindo filmes de terror antes do uso da computação gráfica e quiseram voltar pra isso, colocando uma pessoa dentro de um traje com elementos animatrônicos para que pudesse filmar em tempo real com os atores. Outra influência que o monstro da série apresenta são os sons semelhantes ao do "Predador" e também possui algumas semelhanças que nos faz lembrar do "Allien". Há diversas outras homenagens ou referências, caso você já tenha assistido a série e queira conhecer mais, pode estar acessando o site da Vulture, que possui muitas informações a respeito. 


Na entrevista para AV Club, Matt Duffer explica que o seu favorito subgênero é justamente histórias que a criança vai ao encontro de forças sobrenaturais e precisa combatê-las, e ele afirma que na atualidade não existe  muito mais disso, como está presente em obras como "A Coisa" de Stephen King e filmes como "Super 8" de J.J Abrams. Uma das perguntas aos criadores foi do porque escolher ambientar a série na década de 80 e uma das respostas de Ross Duffer foi que eles cresceram sem celulares, quando eles eram crianças, se aventuravam indo para florestas ou bosques que ficavam nos fundos de suas casas, e ninguém tinha contato com eles, nem mesmo seus pais, ou seja, eles viviam uma sensação de constante aventura, iam em busca de tesouros, eram perseguidos por monstros e, pra ele parece que essa sensação hoje em dia é quebrada no momento que sua mãe te envia um texto, dizendo que tem que voltar porque é a hora do jantar. Essa sensação de aventura está bem presente nas crianças protagonistas da trama, e isso é bem interessante, pois o fato de não haver muitas possibilidades de manter contato entre os personagens ajuda a manter o suspense e mistério da série.



Toda produção da série foi focada em desenvolver a estética e aparência dos filmes antigos. Foi filmado em câmera digital, mas foi adicionado um leve efeito granulado e buscaram manter uma borda ligeiramente mais escura, no estilo John Carpenter, além de manter uma trilha sonora totalmente eletrônica. A aparência dos personagens e os figurinos é outro fator que ficou impecável. Os penteados, como o topete do adolescente Steven, ou o penteado da mãe Nancy, caracterizam bem o estilo da década. Winona Ryder, que também contribuiu bastante no estudo de elementos e características típicos da década de 80, baseou seu corte de cabelo no de Meryl Streep do filme "Silkwood", dirigido por Mike Nichols. Também foi utilizado as famosas calças de cintura alta, jaquetas, polos, e para meninas certinhas como Nancy e Barb, blusas de gola com babados.

A música de abertura da série é composta pela dupla Survive, que traz uma mistura de referências oitentistas. Ao longo dos episódios, ouvimos “Should I Stay or Should I Go” , do The Clash e diversos outros clássicos que compõem a trama. A fonte de Stranger Things foi uma das coisas que mais me chamou atenção quando comecei assistir, e na hora pensei nos livros de Stephen King. Não só a fonte principal, mas a que acompanha os capítulos também é bem característica, e esta, não só lembra como de fato está presente em capas de diversos livros de Stephen King e também fez parte de uma das fontes utilizadas na série Star Trek na década de 90.


Comentando ainda sobre todas as referências e homenagens presentes na trama, os criadores explicam que mesmo inspirados por tudo isso, eles esperam que a série trabalhe por conta própria. Eles esperam que a produção não seja vista como uma imitação, pois é algo que eles filtraram e colocaram suas próprias sensibilidades e emoções. E há muito mais influências ali, não somente de livros e filmes, mas de vídeo games como "Silent Hill" e até mesmo inspirações de animês.

Há especulações a respeito de uma segunda temporada, mas ainda não houve nenhum tipo de divulgação oficial, há apenas o grande interesse da produção em continuar com a série e a expectativa dos fãs por mais episódios. Super recomendo!


Eloise G.F

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