Resenha: Ligeiramente Casados


Ligeiramente Casados
Autora: Mary Balogh
Editora: Arqueiro
288 páginas

“Prometa que irá protegê-la. [...] Prometa! Custe o que custar!”-pg 7.

Diferente de outros romances de época que já li, essa história tem seu início ambientado numa batalha, na verdade retrata o fim de uma batalha. As tropas da Inglaterra e seus aliados haviam vencido e os franceses recuavam, haviam diversos mortos e feridos espalhados pelo chão.


Entre os feridos estava o capitão Percival Morris, cujas últimas palavras foram dirigidas ao seu oficial superior, Coronel lorde Aidan Bedwyn. Ele solicita ao oficial que este proteja sua irmã custe o que custar, Aidan dá a sua palavra, mesmo sem saber que tipo de proteção a irmã dele necessita. Assim que sai do campo de batalha para sua licença, o Coronel se dirige ao Solar Ringwood para encontrar a Srtª Eve Morris e informá-la sobre o falecimento de seu irmão e cumprir a promessa que fez no seu leito de morte.


Eve é uma jovem que vive num ambiente rural, e apesar de ter sido criada como uma dama, possui uma origem humilde. Seu pai era um mineiro de carvão que acabou enriquecendo na vida ao se casar com a filha do dono da mina, portanto ela e sua família não são bem vistos pela classe mais alta. Uma das características mais notáveis de Eve, é ser extremamente caridosa e ajudar os mais necessitados. O Solar Ringwood, que é sua residência, é repleta de pessoas que já não são aceitas pela sociedade, e que Eve fez questão de acolher e dar uma oportunidade de emprego.


Entretanto, quando Aidan aparece com a notícia da morte de seu irmão, o mundo de Eve vira de cabeça pra baixo. Como consequência da morte prematura de Percy, Eve perderá sua fortuna e propriedade para seu primo. Ela e todas as pessoas que ela acolheu e ajudou serão despejadas de casa. Aidan percebe que era justamente essa situação que o capitão Percival gostaria de evitar. A única forma de Eve não perder tudo é se casando antes do aniversário da morte de seu pai, que seria dentro de quatro dias, ou seja, ela só teria quatro dias para arranjar um marido. Lorde Bedwyn não vê outra escolha do que propor um casamento de conveniência entre eles. Mesmo contra sua vontade, Eve aceita a proposta pensando primeiramente em todas as pessoas que dependiam dela.

Aidan vem de uma poderosa família nobre inglesa. É um personagem alto, forte, moreno com o típico nariz aquilino de sua família, e possui uma feição dura e severa, sendo temido por muitos. Entretanto, de todos os  Bedwyns, Aidan foi o que eu achei mais tolerável, até então. Mesmo sendo extremamente sério, ele se preocupa muito com a Eve e tudo o que ele faz por ela é notável. Entretanto, mesmo que ele esteja a ajudando e sendo um homem honrado, eles não estão apaixonados.


A ideia era que os dois se casassem e depois nunca mais voltassem a se ver novamente. Mas o destino acaba mostrando que as coisas não seriam tão simples. Assim que o irmão mais velho de Aidan, o Duque de Bewcastle, descobre sobre o casamento de seu irmão, ele exige que Eve seja apresentada à rainha conforme é exigido pela etiqueta. Sendo assim, Eve acaba concordando com essa exigência do duque, até porque pensa em retribuir o favor que Aidan fez a ela. É nesse momento que ambos acabam se conhecendo melhor e compreendendo aos poucos um ao outro.

Este livro é o primeiro volume da série Os Bedwyns lançada pela Editora Arqueiro. Cada volume abordará a história de um dos irmãos/irmãs (são quatro rapazes e duas moças) desta família. Pra quem já leu Os Bridgertons pode até pensar que seja similar, mas não é! A primeira coisa que percebi foi a diferença entre essas duas famílias. Os Bridgertons  de Julia Quinn é uma família que foge do convencional da época, o que os tornam incrivelmente adoráveis e divertidos, já os Bedwyns são arrogantes, nariz em pé, metidos, esnobes, mimados (risos), características típicas de um nobre que acha, quer dizer, tem certeza que consegue tudo na hora que quer e quando quer. E por incrível que pareça acredito que seja assim a dura realidade -não querendo generalizar, claro. Me lembrou muito a família Crawley da série Downton Abbey, mas acredito que os Bedwyn são ainda mais nojentinhos. Mas é claro, que a autora faz questão de amaciar um pouco as personagens, tornando-as mais toleráveis e mostrando também os motivos, o que leva tal pessoa a agir como tal, e coisas do tipo.


A escrita da autora é agradável, a leitura fluiu muito bem e ela desenvolveu de forma primorosa a personalidade das personagens principais e secundárias, tornando-as autênticas, verossímeis e simpáticas. Eu me surpreendi com o crescimento e amadurecimento dos protagonistas, o romance é algo que vai desenvolvendo aos poucos entre eles, e eles mesmos não querem aceitar quando percebem que pode haver uma chama de amor ali. Em nenhum momento achei ruim a história ter iniciado com um casamento de conveniência, que é um casamento que acontece por um objetivo social e econômico, sem que exista um vínculo sentimental entre o casal, pelo contrário acredito que justamente isso fez a história ficar mais interessante e despertou uma enorme curiosidade a respeito do casal principal, afinal o que  aconteceria entre eles? Principalmente quando ambos retornam a se ver, para que Eve possa cumprir o seu compromisso de se apresentar a rainha – que é uma das minhas cenas preferidas do livro.

“Aquele mundo da aristocracia, com todas as suas regras e expectativas, na verdade não passavam de um grande tolice, concluiu Eve [...]. Também era inegavelmente empolgante e desafiador.”- pg. 167.

É uma história linda e romântica! A Arqueiro está de parabéns pelas capas e diagramações das páginas, gosto muito dos livros de época que a editora publica. Só encontrei alguns errinhos de digitação, um deles inclusive é o nome da personagem principal que mudou de Aidan para Adam logo no início, mas fora isso fiquei super satisfeita com o livro em si.

Fiquei super curiosa em conhecer a história de todos os irmãos e irmãs metidos, chatos e insuportáveis –risos- principalmente o Duque de Bewcastle que é o mais frio de todos. Por ser o primeiro volume há uma breve introdução de cada membro da família, e o leitor tem um vislumbre de como é a personalidade e aparência de cada um. Um ponto interessante é que essa história abordou alguns conteúdos novos a respeito de costumes de época- pelo menos pra mim- como por exemplo o contato da nobreza com a rainha, a importância de se apresentar diante dela, toda a preparação para esse evento, as diferentes formas de reverência e coisas do tipo que deixa a história mais autêntica e plausível. Não fica aquele romance só centrado no casal, há um conteúdo, uma história por trás. Eu gosto quando tem uma bagagem cultural na trama, o que faz o leitor imergir na história e na época que é retratada.

Entretanto, antes dessa saga há uma outra denominada The Bedwyn Prequels que é aonde acontece a primeira aparição dos Bedwyns (mas eles não são os principais) que acontece no livro A Summer to Remember e há também uma série que veio depois dos Bedwyns chamada Simple Quartet que interliga vários personagens dessa série. Enfim, há muita, muita coisa ainda pra acompanhar, estou bem animada com os romances de Mary Balogh, super recomendo essa leitura!

Eloise G.F



Curiosidades:

O monóculo utilizado pelo Duque de Bewcastle apresenta uma lente única, feita para caber na órbita do olho. Já o lornhão, utilizado pela marquesa de Rochester, possui duas lentes. Não é utilizado para correção e sim como um simples ampliador, ambos podem ser semelhantes aos das imagens abaixo.

                  Monóculo                                                    Lornhão

4 comentários

  1. Aaah, que resenha gostosa de se ler :D Então, eu quando vi sobre a série fiquei até animada, porém, fiz a burrada de começar pelo livro errado, o que me fez nem dar mais nenhuma outra chance para a autora. Comecei por "Ligeiramente maliciosos", mas, sinceramente? Fiquei chocada pelo rapaz não perceber um certo detalhe sobre a moça do livro... Não só chocada, mas revoltada hahaha Parei nas primeiras páginas depois de saber disso, e bem, não voltei a ler mais nada da escritora. Tinha até me esquecido dessa série, mas lendo a sua resenha e sabendo que em outras que já li elogiaram este livro, creio que vou dar mais uma chance num futuro próximo. Não garanto que irei ler esse que citei, porque para você ver que não gostei, o que mais lembro é desse detalhe muito revoltante para mim hahaha Depois que você ler, venho aqui comentar sobre que determinada parte é, claro, sem expor demais rs
    Bom, parabéns pela resenha! Amei a fotografia <3 E o que achei interessante, fora o fato de você "comparar" com a série da Quinn. Um detalhe muito bacana de se recordar é que nos da Quinn, pelo menos os que li, nenhum apresenta realmente detalhes da sociedade, é bem mais focado no romance entre os dois personagens e a família, não sobre os devidos costumes, obrigações, etc. Fiquei curiosa sobre a visita para com a rainha :D
    Beeijos
    Blog Thoughts and Adventures

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    1. Oi Ruhh!!! Que bom que gostou da resenha. Essa questão de ler pelo livro errado é complicado mesmo né? E a primeira impressão é o que fica (na maioria das vezes). Aconteceu isso comigo com Agatha Christie, eu li uns contos dela e achei muito fraco e fiquei sem entender o por que da fama dela O_o daí resolvi pegar um livro inteiro mesmo e compreendi hahah e hoje acho ela demais!Sobre este livro eu gostei bastante e estou bem empolgada em ler os outros, mas cheguei a ver opiniões divergentes a respeito da série, principalmente deste volume, porém conclui ser uma ótima leitura, acho que depende do gosto né. Sobre os Bridgertons, na verdade eu acho que até tem um conteúdo legal sobre a época, apesar de concordar que é mais focado nos personagens e seus conflitos. Mas o livro da Madeline Hunter foi um que focou extremamente no romance e menos no conteúdo, espero que os outros livros dela não seja assim. Já a Mary Balogh achei ela bem firme em demonstrar a forma de agir de um nobre e o meio que ele vive, como também o meio mais humilde e os seus contrastes. Achei bem legal, vamos ver o que eu acharei dos Maliciosos hahaha Quando puder leia esse é muito fofo, mas é uma leitura que vai crescendo, é o tipo de leitura que se você se irrita no início vai ser recompensada no final hahah é muito lindo! Vale a pena <3

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  2. Oii!!!
    Quero muito ler essa série da Mary! Sempre leio comentários positivos, assim como o seu. Também há sempre a ressalva de os Bedwyn serem antipáticos rsrs, pelo que comentou bem diferente dos queridos Bridgertons! Contudo, é sempre bom ler algo diferente, em que os protagonistas fogem do padrão, não sejam bonzinhos, inicialmente rsrs
    Adorei a resenha!!! E as fotos!!
    Bj!

    http://bloghistoriasliterarias.blogspot.com.br

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    1. Obrigada Cailes <3 que bom que gostou, eu tbm estou lendo a série agora e realmente amei o primeiro livro. Acredito que só tende a melhorar. Com certeza cada história e cada autora tem sua essência :)A narrativa de Mary Balogh é ótima, vale mto a pena ler <3

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