[Resenha] A Revolução dos Bichos

Resenha: A Revolução dos Bichos

Autor: George Orwell

Editora: Companhia das Letras

152 páginas

A história tem como tema central a corrupção e traição que ocorre entre os bichos na pequena propriedade rural, Granja do Solar, liderada, de princípio, pelo Sr. Jones. Todos os animais da fazenda estavam muito insatisfeitos com o tratamento e a exploração humana. Cansados dessa situação eles se reúnem e sob a liderança dos porcos Bola-de-Neve e Napoleão e decidem fazer uma revolução com intuito de expulsar os humanos da fazenda e criar sua própria sociedade, composta apenas por animais de quatro patas. A Granja do Solar passa a se chamar Granja dos Bichos, local onde todos os animais são vistos como 'iguais' (só que alguns são mais iguais que outros).

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Neste romance satírico escrito em 1945, o autor nos apresenta uma revolução que, inicialmente, possui as melhores das intenções. Contudo, a situação começa a mudar quando um de seus líderes, Napoleão, é seduzido pelo poder e ganância. Com o propósito de aplicar suas próprias leis e vontades, ele inicia um governo ditador e manipulador, onde os porcos acabam sendo superiores aos outros animais.

1.   Qualquer coisa que ande sobre duas pernas é inimigo

2.   Qualquer coisa que ande sobre quatro patas, ou tenha asas, é amigo.

3.   Nenhum animal usará roupa.

4.   Nenhum animal dormirá em cama.

5.   Nenhum animal beberá álcool.

6.   Nenhum animal matará outro animal.

7.   Todos os animais são iguais.

A maioria da sociedade dos animais é composta por um povo analfabeto e de memória curta, que se esquecem das regras e dos acontecimentos passados. É uma sociedade que acaba sendo facilmente manipulada que não percebe quando uma regra é alterada ou quando uma história é recontada e distorcida.

“Os animais sentiram outra vez uma vaga inquietude. Nunca ter contato com seres humanos, nunca comerciar, jamais usar dinheiro – pois não estavam tais coisas entre as primeiras moções passadas naquela formidável Reunião inicial, logo após a expulsão de Jones? Todos se lembravam da aprovação dessas resoluções – ou pelo menos julgavam lembrar-se.”

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A história do livro é uma fábula satírica com figuras de animais representando o comportamento e as fraquezas humanas. Observa-se, através de metáforas, um governo opressor e ditador, que manipula os mais humildes fazendo parecer que tudo está a favor do povo enquanto a minoria se beneficia. Orwell tinha como objetivo denunciar o mito soviético através de uma história que fosse fácil de compreender e de traduzir para outras línguas.

“Percebi então que, se aqueles animais adquirissem consciência de sua força, não teríamos o menor poder sobre eles, e que os animais são explorados pelos homens de modo muito semelhante à maneira como o proletariado é explorado pelos ricos.”

É evidente que o livro apresenta fortes semelhanças com a Revolução Russa e à política stanlista, desde o momento que um líder trai a revolução, a excomunhão daqueles que não seguem seus princípios, história recontada e reescrita até as execuções em massa, e entre outros aspectos que refletem esse período. Contudo, A Revolução dos Bichos acaba sendo muito mais do que uma sátira e crítica sobre o totalitarismo soviético. É um texto que transcende sua época, podendo se referir a qualquer tipo de governo, onde um grupo ou indivíduo assume ao poder para em seguida ser corrompido por ele. Inclusive, ao longo da leitura acompanhamos críticas à diferentes tipos de governo (capitalista, socialista e ditadura, por exemplo).

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O livro apresenta um enredo simples e fácil de compreender, uma leitura fluida e um desfecho sensacional. É aquela leitura para refletir, que levanta questões importantes como desigualdade e injustiças, corrupção e opressão, concentração de poder e manipulação de informação. Um livro atual, com muitas lições de moral, que todos deveriam ler. Recomendo!

Eloise G.F