[Especial] IT A Coisa – Impressões Gerais



“A história de uma cidade é como uma mansão velha e irregular cheia de aposentos e buracos e passagens de roupa suja e sótãos e todo tipo de pequenos esconderijos excêntricos...sem mencionar uma ocasional passagem secreta ou duas. Se você for explorar a Mansão Derry, vai encontrar todo tipo de coisas. Sim. Pode se lamentar mais tarde, mas vai encontrar, e quando uma coisa é encontrada, não pode mais ser desencontrada, pode? Alguns dos aposentos estão trancados, mas há chaves...Há chaves.”


Ano passado eu realizei a leitura deste calhamaço em companhia de outros vários leitores através do desafio #LendoACoisa, criado pelo blog O Senhor dos Livros ao lado de Fantástica Ficção e Universo de Utopia (o projeto de leitura foi desenvolvido de acordo com a divisão criada pela @contudoeentretanto). Eu já conhecia a primeira adaptação do livro e estava animadíssima para finalmente conhecer essa história mais a fundo. O post de hoje será sobre minhas principais impressões e sobre os momentos que mais me marcaram durante a leitura. Tem resenha do livro aqui no blog caso queira conferir: Resenha – IT, A Coisa. (Este post não possui spoilers)


Georgie Denbrough – a cena que envolve Georgie foi muito mais tocante e detalhada no livro do que no filme (antigo). Como a minha única referência vinha desta adaptação, eu fiquei bastante surpresa do quanto essa cena mexeu com minhas emoções, do quanto me senti envolvida e o quanto me vi torcendo para algumas coisas não acontecerem (mas a história precisava acontecer né). Já o remake do filme honrou até demais essa cena, tornando-a um dos momentos mais impactantes e chocantes do filme. E tá certo né, a primeira aparição de Pennywise realmente tem que causar.

“Eu, Georgie, sou o sr. Bob Gray, também conhecido como Pennywise, o Palhaço Dançarino.”

Narrativa – foi um dos aspectos que mais me chamou atenção durante a leitura. A trama é desenvolvida em duas décadas diferentes, década de 50 (1957/1958) que narra a história dos membros do Clube dos Otários e década de 80 (1984/1985), que retrata essas personagens já adultas, 27 anos depois dos acontecimentos que elas vivenciaram na cidade de Derry. Ao todo o livro é dividido em 5 partes e um epílogo, sendo que cada parte possui interlúdios, que são fragmentos do diário e pesquisas do personagem Mike (adulto) referentes aos acontecimentos estranhos que sondaram essa estranha cidade ao longo dos anos. Isso faz o leitor compreender mais sobre a história de Derry e sua conexão com a Coisa. Essa narrativa é feita de forma intercalada, ou seja, não temos apenas uma parte das crianças e outra dos adultos, esses dois tempos estão sempre se encontrando em algum momento (por exemplo: em um mesmo capítulo temos cenas deles como crianças e adultos). Contudo, ainda vejo a história das crianças como ponto principal do livro. O livro muitas vezes me lembrou um roteiro de filme, pois em alguns momentos uma cena da década de 50 era continuada por outra da década de 80 como se fosse um tipo de continuação da ação, deixando a leitura bem dinâmica.


Pontos que me incomodaram – apesar de ter dado nota máxima ao livro, porque SIM foi uma Excelente leitura, houveram dois aspectos que me incomodaram: O desfecho e uma cena que considero descartável para a trama. O desfecho foi bacana, é repleto de ação, porém, em minha opinião, as cenas finais das crianças ficaram parecidas com as cenas finais dos adultos, o que tornou essa parte da leitura um pouco cansativa. E a cena que não gostei, bom, não poderei contar senão seria spoiler, quem leu já sabe qual é ou quem já ouviu sobre a polêmica que gira em torno desse livro e tal. Bom, eu li a cena, digeri, tentei captar se ela era realmente necessária e conclui que não, a história poderia acontecer e desenvolver totalmente sem ela. Mas é aquilo, essa é a minha opinião, a cena é desnecessária, me incomodou, mas o livro é muito grande, tem muita história para eu me prender apenas a este detalhe. Eu cheguei a ler a respeito, não sei se é verídico ou não, que o próprio autor meio que se arrependeu dessa cena e tal, porque tinha uma ideia na época e hoje as coisas são diferentes, mas enfim, independentemente dele ter, de fato, se arrependido ou não, a minha opinião prevalece a mesma. Mas não deixem de ler o livro por conta disso, leia e tire suas próprias conclusões.


“Há poucas pessoas nas ruas pelas quais ele passa e um pedestre ou dois nas passarelas; eles refutam a impressão de que ele de alguma forma entrou em uma história lovecraftiana de cidades amaldiçoadas, males antigos e monstros com nomes impronunciáveis.” 

Influência Lovecraftiana – o autor Lovecraft abordava em suas histórias criaturas antigas e inomináveis, cuja real fisionomia era indescritível aos olhos humanos. King traz nesta obra alguns aspectos que dialogam com essas características lovecraftianas.

“O cheiro foi o que o fez olhar para trás. O cheiro avassalador, como se peixes tivessem apodrecido em uma enorme pilha até virar uma pasta de carniça no calor do verão. Era o cheiro de um oceano morto.” 

Escrita detalhada – a história do livro é envolvente e recheada de detalhes. E não pensem que a leitura é densa devido aos vários detalhes ou as inúmeras páginas, pelo contrário, é uma leitura muito fluida. King tem uma escrita fácil de compreender que aborda diversas questões políticas, sociais, culturais e históricas, tudo inserido de uma forma natural e orgânica. Em minha opinião, IT é muito mais do que uma história de terror, portanto, caso você tenha medo de livros desse gênero, saiba que esse calhamaço traz muito mais do que bons sustos, traz o valor da amizade, retrata sobre a infância, preconceitos, bullying, superação e muitos mistérios que se escondem por traz dessa intrigante cidade.

“Havia um gosto ruim em sua boca, que descia pela língua e pela garganta como gosto de aspirina derretida. Então agora você sabe como é o gosto do medo, pensou ele. Já era hora de descobrir, considerando tudo que você escreveu sobre o assunto. Ele achava que era um gosto com o qual se acostumaria. Se vivesse tempo o suficiente.” 

Ufa! Acredito que seja isso. Por incrível que pareça ainda tinha post its no meu livro desde o ano passado hahaha foi muito difícil fazer a resenha desse livro, mas sinceramente faria com certeza essa leitura de novo. Sinto falta desses personagens e quando encerrei a leitura fiquei com aperto no coração. Não importa o tamanho, IT vai ser um livro que voltarei a ler em breve. <3

Quem já leu?
Bjokas da Elo! <3


7 comentários

  1. Livrinho que li aos 15 anos, voltei a reler aos 28 e quem sabe foi uma rerelida aos 40? Livrinho altamente detalhado, cheio de nuances, a leitura no original nos deixa flutuando, literalmente, em alguns trechos.

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  2. Saiu o post da eloooo!!! Aeeee!!!
    Olha eu concordo contigo em TUDO!
    Na somatoria é um livro que favoritei tb, mas achei alguns detalhes desnecessários tb hehehehe... masokay, perdoamos king, ele já devia ta cansado quando escreveu esses trechos hahaha
    A única diferença é que apesar de ter amado a leitura eu não pretendo reler, inclusive ele não está mais na minha estante. Eu fechei ele e entrei no mesmo processo das crianças, comecei a esquecer e acho melhor assim, misterios da minha vida de leitora...

    A adaptação mais recente é ótima em muitos aspectos e essa cena da abertura é uma das melhores com certeza, agora é esperar a segunda parte ne!

    osenhordoslivrosblog.wordpress.com

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  3. Pretendo muito ler o livro, talvez ano que vem eu invista mais no gênero, mas no momento ando tão cheia de coisa pra ler kkkk De qualquer forma adorei conhecer seu blog.

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  4. Oii Eloise.
    Eu gostei de todos os aspectos que você pontuou, mas eu discordo no quesito, pedaço desnecessário. Pela questão da perda da incencia, na minha cabeça a cena fez sentido. Se antes eles perderam inocencia por mente, agora foi por corpo.
    Em breve estarei com projeto de leitura do King.
    Espero que participe.
    Beijos,

    Blog: Fantástica Ficção

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  5. Oii, Elo!
    Meninaaaa, socorro que preciso desse livro! Eu confesso que morro de medo de livros dessa grossura porque muitos são bem densos, mas pelo que pude perceber, a dinamicidade dos capítulos, os assuntos tratados, tornam a leitura bem fluída e rica. Acho que também teria dificuldade de fazer a resenha dele, e talvez não pelo tamanho, mas pelo conteúdo mesmo. Já li muita coisa sobre ele e sei que não é uma história qualquer, é uma baita de uma história, e elas costumam me intimidar na hora de resenhá-las, haha. Enfim, amei seus destaques sobre a obra e to doida pra conferir, tirar minhas próprias impressões.

    Ah, amo tuas fotos ^^)

    Beijos,
    EU SOU UM POUCO DE CADA LIVRO QUE LI

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  6. Oie!!

    Que post!!!
    Essa foi uma das melhores leituras que fiz do King, apesar de concordar completamente com o final e também considerar aquela cena muito desnecessária.
    Realmente é um livro que vai além do terror e mesmo sendo bastante descritivo não me senti entendiada em momento algum.
    Muito bom e adorei suas impressões.

    bjs

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  7. Oi, tudo bem ?

    It é sempre bem elogiado assim como sua adaptação cinematográfica a qual é mais leve, porém com os personagens igualmente cativantes, um it igualmente macabro e aqueles personagens que despertaram ranço. Eu amei suas impressões você conseguio passar os pontos altos da obra, King criou uma história bem detalhada, forte e nos mostrou sua visão de uma forma que essa leitura garantiu fãs por não ter um obvio . Com toda certeza uma ótima indicação e um bom primeiro passo para quem quer conhecer a escrita do autor.

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