IT- A Coisa
Autor: Stephen King
Editora: Suma das Letras
1104
páginas
“Eu, Georgie, sou o sr. Bob Gray, também conhecido como Pennywise, o Palhaço Dançarino.”
O
ano de 1958 mudará a vida de Bill, Richie, Stan, Mike, Eddie, Ben e Beverly
para sempre. Essas sete crianças viviam uma vida normal na pacata cidade de
Derry. No entanto, já faz um ano que coisas estranhas ocorrem na cidade, crianças
começam a desaparecer ou são mortas misteriosamente. Uma delas é o irmão de
Bill, George Denbrough, que foi encontrado morto perto de um bueiro em uma rua
da tranquila Derry.
“Ele não sabia, mas acreditava (assim
como acreditava que todos os assassinatos eram obra de um único agente) que
Derry realmente havia mudado, e que a morte de seu irmão sinalizara o começo
dessa mudança. As suposições negras em sua mente vinham da ideia furtiva de que
qualquer coisa poderia acontecer em Derry agora. Qualquer coisa.”
Esse
grupo de crianças possuem algo em comum, todos eles viram, em algum momento, um
ser sombrio nos arredores de Derry. Um ser que evoca um medo profundo e um mal
devastador. Logo, esse grupo, denominado de Clube dos Otários, percebe que há
algo de muito errado na cidade, algo não-humano, uma criatura tenebrosa e
maligna vive e dorme em Derry. O ano de 1958 é um marco para essas crianças,
pois é quando elas conhecem a verdadeira amizade, a união, a coragem de
enfrentar os valentões da escola, o amor…e principalmente, A Coisa.
“Aromas de terra e umidade de legumes
estragados se misturavam com o aroma inconfundível e inescapável, o cheiro do
monstro, a apoteose de todos os monstros. Era o cheiro de uma coisa para a qual
ele não tinha nome: o cheiro da Coisa, agachada, espreitando e pronta para
atacar. Uma criatura que comeria qualquer coisa, mas que estava particularmente
faminta por carne de garoto.”
“Um cheiro de lixo, um cheiro de merda e
um cheiro de outra coisa. Uma coisa pior do que as outras duas. Era o fedor do
animal, o fedor da Coisa, lá embaixo na escuridão debaixo de Derry onde as
máquinas trovejavam sem parar.”
“A pessoa estava usando o que parecia
ser uma roupa de palhaço branco-prateada. Ela tremia ao redor do corpo dela no
vento polar. Havia sapatos laranja grandes demais em seus pés. Eles combinavam
com os botões de pompom que se alinhavam na parte da frente da roupa. Uma das
mãos segurava várias cordas, que seguiam até um monte colorido de balões, e
quando Ben observou que os balões estavam flutuando na sua direção, sentiu a
irrealidade tomar conta dele com mais força. Ele fechou os olhos, esfregou-os,
abriu-os. Os balões ainda pareciam estar flutuando em sua direção. ”
A
trama é desenvolvida em duas décadas diferentes, década de 50 (1957/1958) que
narra a história dos membros do Clube dos Otários e década de 80 (1984/1985),
que retrata essas personagens já adultas, 27 anos depois dos acontecimentos que
elas vivenciaram na cidade de Derry quando crianças. Ao todo o livro é dividido
em 5 partes, sendo que cada parte possui interlúdios, que são fragmentos do
diário e pesquisas de Mike (adulto) referentes aos acontecimentos estranhos que se apoderaram dessa estranha cidade ao longo dos anos. Isso faz o leitor compreender
mais sobre a história de Derry e sua conexão com a Coisa.
“Em Derry, esquecer tragédias e
desastres era quase uma arte, como Bill Denbrough descobriria ao longo do tempo.
”
“Tenho um medo quase louco de qualquer
outra coisa que eu possa lembrar antes que a noite de hoje acabe, mas o tamanho
do medo que eu sinto não importa, porque vai voltar de qualquer jeito. Está
tudo aqui, como uma bolha enorme crescendo na minha mente. Mas eu vou, porque
tudo que já consegui e tudo que tenho agora está ligado ao que fizemos naquela
época, e você paga pelo que recebe neste mundo. Talvez seja por isso que Deus
nos fez crianças primeiro e nos colocou mais perto do chão, porque Ele sabe que
é preciso cair muito e sangrar muito pra aprender essa simples lição. Você paga
pelo que recebe, você é dono daquilo pelo que pagou… e mais cedo ou mais tarde,
o que é seu volta pra casa, pra você.”
“Talvez aqui não seja minha casa, nem
nunca foi. Talvez meu lar seja o lugar pra onde tenho que ir hoje. O lar é o
local onde, quando você vai pra lá, tem que finalmente encarar a coisa no
escuro.”
No
entanto, essa narrativa é feita de forma intercalada, ou seja, não tem apenas
uma parte das crianças e outra dos adultos, esses dois tempos estão sempre se
encontrando em algum momento. Apesar que, ainda vejo a história das crianças
como ponto principal do livro. A narrativa do autor é detalhada e impecável, é
como se você estivesse assistindo a um longo filme, em alguns momentos lembra
de fato um roteiro, principalmente quando ele intercala um episódio das
crianças com dos adultos como se fosse um tipo de continuação da ação, como
segue no exemplo abaixo:
É
fácil imergir na história de IT e se envolver com a vida das personagens. King
tem uma escrita fácil de compreender que aborda diversas questões políticas,
sociais, cultural e históricas, tudo inserido de uma forma natural e orgânica.
Em minha opinião, IT é muito mais do que uma história de terror, portanto, caso
você tenha medo de livros desse gênero, saiba que esse calhamaço traz muito
mais do que bons sustos, traz o valor da amizade, retrata sobre a infância, preconceitos,
bullying, superação e muitos mistérios que se escondem por traz dessa
intrigante cidade. Valeu a pena cada página lida. É um livro que sempre
recomendarei e que pretendo reler um dia.
“[...] isso os uniu, para o bem ou para
o mal. Aparentemente, os uniu pelos últimos 27 anos. Às vezes, acontecimentos
são como dominós. O primeiro derruba o segundo, o segundo derruba o terceiro, e
não tem mais volta.”
O
livro tem duas adaptações, uma em 1990 e outro que estreou em setembro deste
ano (2017). Gosto das duas, apesar que não posso negar que o remake ficou muito
mais assustador. Muitas pessoas têm medo do livro ou filme por causa da figura
do Palhaço, mas quero deixar claro que a história de IT apresenta outras “coisas”
assustadoras em sua trama além dessa figura. O que rende diversos momentos de
tensão, aflição, suspense e medo. Mas não irei me aprofundar tanto nisso para
não dar spoilers, a intenção é apenas despertar uma certa curiosidade em vocês.
Ainda falarei desse livro e de suas adaptações aqui no blog, até porque são
muitas as impressões que tive nessa leitura, afinal foram 1104 páginas.
Independentemente
do tamanho, encorajo a todos a ler esse calhamaço. Para facilitar a leitura sem
ficar cansativo indico o projeto criado pelo blog e ig Contudo e Entretanto, daí
você pode montar seu próprio calendário. Eu participei desse projeto através do
desafio #LendoACoisa criado pelo blog e ig Senhor dos Livros ao lado dos blogs e igs FantásticaFicção e Universo de Utopia, e apesar de ter me atrasado muito no projeto,
terminei a leitura satisfeita e realizada, parabéns a todos os envolvidos pela
ideia e iniciativa. Através dessa hashtag você pode visualizar várias outras
impressões sobre a leitura de IT tanto no Instagram como em outros blogs. Venha
você também visitar Derry, super recomendo!!!!
Eloise G.F
Muito obrigada por compartilhar sua resenha. Eu achei um muito bom filme. It A Coisa se tornou em um dos meus filmes de Stephen King preferidos desde que vi a versão de 1990, e quando soube que seria adaptado ao filme de novo em 2017 fiquei na dúvida se eu a desfrutaria tanto como na versão anterior mas gostei. Além considero que outro fator que fez deste um grande filme foi a atuação de Bill Skarsgård, seu talento é impressionante. É uma historia que vale a pena ver.
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