Resenha: Eleonora


Eleonora (Conto)
Autor: Edgar Allan poe
Editora: DarkSide
#12mesesdepoe

"Àqueles que sonham de dia, é dado a conhecer muito do que escapa aos que sonham apenas à noite."- pg. 263

O conto é narrado em primeira pessoa por um narrador anônimo – aspecto bastante presente nos contos de Poe- que relata dois períodos de sua vida: O primeiro refere-se aos acontecimentos relativos às lembranças que envolvem sua amada Eleonora e o segundo envolve momentos sombrios do presente que está repleto de incertezas.

"Eleonora tinha a beleza de um serafim, mas era uma donzela tão ingênua e inocente quanto a vida breve que desfrutava entre as flores."- pg. 266


No primeiro momento, o narrador descreve sua vida no Vale da Relva Multicor, local que vive ao lado de sua prima Eleonora e de sua tia. O vale é um lugar paradisíaco, isolado e cercado pela beleza da natureza. Após quinze anos, os dois se apaixonam e se entregam a esse amor, todavia a felicidade não dura muito, Eleonora adoece e sua vida está prestes a chegar ao fim. Contudo, a morte não é o maior medo de Eleonora. Ela teme que seu amado vá se esquecer dela, e que após sua morte ele irá partir do vale e encontrar uma outra donzela pela qual se apaixonará. Sendo assim, o protagonista jura a sua amada que jamais irá partir do vale ou olhar para outra mulher. Esse juramento consola o coração de Eleonora e a ajuda a morrer em paz, sem receios. Porém, ela também faz uma promessa, de que sempre irá protegê-lo, mesmo depois de morta, e que tentaria dar indicações frequentes de sua presença. Isso nos leva a segunda parte da história, onde o narrador relata a sua vida após a partida de sua amada e as consequências da promessa de Eleonora, deixando sempre claro, que não confia na perfeita sanidade de suas lembranças referentes a esse período.

"Certa vez - ah, apenas uma única vez!-, despertei de um sono, semelhante à modorra da morte, sentindo o toque de lábios invisíveis junto aos meus."- pg. 268


Há quem acredite que o conto, publicado no ano de 1842, tenha alusão a Virgínia (esposa de Poe que faleceu de tuberculose) que naquele mesmo período apresentava os primeiros sinais da doença. Nesse caso, o narrador seria o próprio Poe e o conto seria a despedida a sua amada. Não se pode ter certeza, pois esses pontos são apenas especulações, porém eu acredito sim, que o autor deva ter refletido muitos aspectos de sua vida e experiências em suas obras.


Apesar de ser uma história breve e concisa, apresenta uma narrativa bem detalhada, que prende o leitor do início ao fim. A descrição do lugar, o amor entre os dois e a beleza e todos os outros atributos de Eleonora são retratados de forma bem poética. Ao meu ver o vale reflete o estado e emoção que envolve o narrador e sua amada, tanto que, se torna mais belo, colorido e harmônico ao ponto que ambos vão se apaixonando e, em outro momento, com a ausência de Eleonora o vale se torna mais lúgubre e sombrio. O desfecho do conto (que eu não revelarei nessa resenha) é surpreendente, pois foi totalmente diferente do que eu esperava de um conto do autor. Fiquei tão pasma que quando acabei o conto, eu reli a última página para ter certeza se o desfecho era realmente aquele, e francamente, eu adorei isso. É maravilhoso quando autor consegue fazer isso, te levar a crer em um final, mas de repente tudo se desenrola de forma inesperada. O conto “Eleonora” é tão lindo, poético e reflexivo quanto mórbido, sombrio e macabro. Com certeza entrou pra lista dos meus contos favoritos do autor. Vale a pena conferir!!!


**Caso você queira saber mais sobre a edição da DarkSide, confira o post: 

13 Razões para Adquirir o livro do Poe da editora DARKSIDE




Eloise G.F

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