De princípio, eu
estava pensando em postar no blog apenas assuntos vinculados a livros, ou seja,
se eu abordasse séries de tv ou filmes seria para discutir algum tipo de
adaptação. Mas resolvi criar uma coluna que fala sobre Séries de TV, porque não
posso negar que Stranger Things mexeu muito comigo. Como fã de filmes da década
de 80 e pelo imenso amor que tenho por Steven Spielberg, eu resolvi comentar
sobre essa série aqui no blog!
A trama se
inicia com o desaparecimento misterioso de um garoto na pequena cidade fictícia
de Hawkings, no estado de Indiana, EUA. Não só a polícia, mas toda a cidade se
mobiliza na busca do garoto perdido, inclusive seus melhores amigos, um grupo de jogadores de
Dungeons & Dragons, fanáticos por Tolkien, HQs e Star Wars, que no caminho,
encontram uma misteriosa e estranha garota que apresenta poderes
telecinéticos, e acabam mergulhando num fascinante mistério que ronda a cidade, envolvendo experimentos do governo e forças sobrenaturais. No entanto, a
história não se prende apenas ao suspense e mistério, claro que este é o grande
foco da série, mas também há alguns conflitos que os personagens passam que
remetem, ou a um passado distante ou recente, problemas entre famílias ou na
escola, que emocionam o espectador. É uma trama que pode ser ao mesmo tempo assustadora e emocionante.
A série foi
disponibilizada pela Netflix desde dia 15 de Julho deste ano e já é febre entre
os internautas do mundo todo. A primeira temporada possui 8 episódios, com
duração de uma hora cada. A série conta com um grande elenco envolvendo a lindíssima e talentosa Winona
Ryder, grande ícone dos anos 90,já interpretou a personagem Lydia Deetz no filme "Beetlejuice", e Kim Boggs em "Edward Mãos de Tesoura" -amo esse filme-, ela é muito fã do cinema da década de 80 e colaborou com os diretores desta série fornecendo diversas referências. Outros dois grandes
atores: David Harbour -que me lembra muito Jack Nicholson- e Mathew Modine. Mas
quem rouba as cenas, na verdade, são
as crianças que fizeram um excelente trabalho: Finn
Wolfhard como Mike Wheeler, Millie Bobby Brown como Eleven/Onze, Gaten
Matarazzo como Dustin, Caleb McLaughlin como Lucas e Noah Schnapp como Will
Byers.
Matt Duffer, em entrevista
para o site Variety, informa como é
divertido trabalhar com televisão, os atores o inspiram e consequentemente provocam mudanças nos personagens, indo para um caminho, que inicialmente, nem ele tinha planejado. Matt afirma que os atores os inspiraram a escrever algo
ainda melhor.
Em entrevista a AV Club, os
criadores informaram que para vender a série a Netflix , eles apresentaram um
trailer utilizando imagens de aproximadamente 26 filmes diferentes, entre eles
estava "Poltergeist", "Halloween", "A Hora do Pesadelo", "Super 8" e "Looper". Eles
incluíram desde clássicos até filmes mais recentes, para mostrar o que
pretendiam produzir na sua série. Os irmãos Duffer tinham como objetivo emparelhar
o maravilhoso universo de Steven Spielberg com o senso apavorante de John
Carpenter. Sendo assim, a série foi produzida com diversas referências do fim da década de 70 e décadas de 80 e 90.
As referências estão
presentes logo no primeiro episódio, onde há clara ligações com o filme "E.T" de
Spielberg. Os jogos de rpg no ínicio, o grupo de meninos andando de bicicleta pela cidade e
floresta. A relação das personagens Mike e Eleven
lembra muito a forma que as crianças do filme de Spielberg lidam com o estranho
e.t, escondendo-a dos adultos ou disfarçando-a para circular nas ruas sem
chamar atenção. Há também muitas referências de "Goonies" e "Conta Comigo" (Stand By Me), que são
filmes que também abordam grupo de garotos pré-adolescentes que andam em suas
bicicletas, buscando se aventurar por algo em sua pequena cidade. E não para
por aí, outra referência é a “A Hora do Pesadelo”, que não irei contar muito
aqui, mas tem toda aquela relação de ter contato com uma outra dimensão através
de uma espécie de mundo dos sonhos. Uma curiosidade é que o
nome Nancy é tanto da mocinha da série Stranger Things (irmã mais velha de
Mike), como também da mocinha em "A Hora
do Pesadelo", e o objetivo dessas personagens, em ambas produções é similar. Os
poderes telecinéticos de Eleven/Onze tem como inspiração as duas obras de
Stephen King, "Carrie" e "Firestarter". Há também a presença constante de elementos
nas casas, como um pôster do "Evil Dead" no quarto de Jonathan, irmão de Will
Byers, e brinquedos do Mike como o boneco do Yoda ou a pequena nave Millenium
Falcon.
A influência do filme “Tubarão” está presente na forma
que o suspense é elaborado em torno do monstro da série e seu sentido aguçado
por sangue. Os criadores contam em
entrevista à Variety, um ponto interessante acerca do monstro, eles explicam
que cresceram assistindo filmes de terror antes do uso da computação gráfica e
quiseram voltar pra isso, colocando uma pessoa dentro de um traje com elementos
animatrônicos para que pudesse filmar em tempo real com os atores. Outra
influência que o monstro da série apresenta são os sons semelhantes ao do "Predador" e também possui algumas semelhanças que nos faz lembrar do "Allien". Há diversas outras
homenagens ou referências, caso você já tenha assistido a série e queira
conhecer mais, pode estar acessando o site da Vulture, que possui muitas
informações a respeito.
Na entrevista para AV Club,
Matt Duffer explica que o seu favorito
subgênero é justamente histórias que a criança vai ao encontro de forças
sobrenaturais e precisa combatê-las, e ele afirma que na atualidade não existe muito mais disso, como está presente em obras
como "A Coisa" de Stephen King e filmes como "Super 8" de J.J Abrams. Uma das
perguntas aos criadores foi do porque escolher ambientar a série na década de
80 e uma das respostas de Ross Duffer foi que eles cresceram sem celulares, quando eles eram crianças, se aventuravam
indo para florestas ou bosques que ficavam nos fundos de suas casas, e ninguém
tinha contato com eles, nem mesmo seus pais, ou seja, eles viviam uma sensação
de constante aventura, iam em busca de tesouros, eram perseguidos por monstros
e, pra ele parece que essa sensação hoje em dia é quebrada no momento que sua
mãe te envia um texto, dizendo que tem que voltar porque é a hora do jantar.
Essa sensação de aventura está bem presente nas crianças protagonistas da
trama, e isso é bem interessante, pois o fato de não haver muitas
possibilidades de manter contato entre os personagens ajuda a manter o suspense
e mistério da série.
Toda produção da série foi
focada em desenvolver a estética e aparência dos filmes antigos. Foi filmado em
câmera digital, mas foi adicionado um leve efeito granulado e buscaram manter
uma borda ligeiramente mais escura, no estilo John Carpenter, além de manter
uma trilha sonora totalmente eletrônica. A aparência dos personagens
e os figurinos é outro fator que ficou impecável. Os penteados, como o
topete do adolescente Steven, ou o penteado da mãe Nancy, caracterizam bem o
estilo da década. Winona Ryder, que também contribuiu bastante no estudo de
elementos e características típicos da década de 80, baseou seu corte de cabelo
no de Meryl Streep do filme "Silkwood", dirigido por Mike Nichols. Também foi
utilizado as famosas calças de cintura alta, jaquetas, polos, e para meninas
certinhas como Nancy e Barb, blusas de gola com babados.
A música de abertura da série é composta pela dupla Survive, que
traz uma mistura de referências oitentistas. Ao longo dos episódios, ouvimos “Should
I Stay or Should I Go” , do The Clash e diversos outros clássicos que compõem a
trama. A fonte de Stranger Things
foi uma das coisas que mais me chamou atenção quando comecei assistir, e na
hora pensei nos livros de Stephen King. Não só a fonte principal, mas a que acompanha os capítulos também é bem característica, e esta, não só lembra como de fato está presente em capas de diversos livros de Stephen King e também fez
parte de uma das fontes utilizadas na série Star Trek na década de 90.
Comentando ainda sobre
todas as referências e homenagens presentes na trama, os criadores explicam que
mesmo inspirados por tudo isso, eles esperam que a série trabalhe por conta
própria. Eles esperam que a produção não seja vista como uma imitação, pois é
algo que eles filtraram e colocaram suas próprias sensibilidades e emoções. E
há muito mais influências ali, não somente de livros e filmes, mas de vídeo
games como "Silent Hill" e até mesmo inspirações de animês.
Há especulações a respeito
de uma segunda temporada, mas ainda não houve nenhum tipo de divulgação
oficial, há apenas o grande interesse da produção em continuar com a série e a
expectativa dos fãs por mais episódios. Super recomendo!
Eloise G.F
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