[Resenha] Mais Lindo Que A Lua

Resenha: Mais Lindo Que a Lua – Irmãs Lyndon I

Autora: Julia Quinn

Editora: Arqueiro

272 páginas

Só mesmo Julia Quinn para fazer eu apreciar um romance que fala de amor à primeira vista. Eu, particularmente, gosto de histórias onde o amor vai crescendo aos poucos e quando você menos espera está apaixonada. No entanto, o primeiro volume da duologia Irmãs Lyndon me cativou de uma forma que não esperava.

“Victoria, apenas os tolos e os poetas se apaixonam à primeira vista.
-Então suponho que eu seja uma tola – disse Victoria com entusiasmo. – Porque Deus sabe que não sou poetisa.” 

“Eu lhe darei a lua e tudo o mais que você quiser.”

Logo no início do livro a autora explica que ela mesma não acredita em amor à primeira vista, mas que ela pensou em desenvolver algo novo para este romance (lembrando que há outro romance dela que também aborda o tema amor à primeira vista: A Caminho do Altar, mas lá fora os dois volumes Irmãs Lyndon foram publicados anteriormente da série Os Bridgertons). Ao escrever o primeiro capítulo do livro a autora se sentiu tão envolvida com a história de Robert e Victoria que acreditou piamente que os dois estavam, sem sombra de dúvidas, apaixonados...e devo confessar que eu concordo plenamente com ela.

"Sair com ele era um grande absurdo, mas ela sabia que, se fechasse a janela agora, iria se perguntar pelo resto da vida o que poderia ter acontecido naquela noite de lua cheia.” 

Em minha opinião, o romance se divide em três partes: a primeira parte se resume ao momento que Robert Kemble, o conde Macclesfield e Victoria Lyndon, filha do vigário se conhecem e se apaixonam à primeira vista. Não vou negar que fiquei com receio de ser algo meloso e chato, no entanto, o romance que nasce espontaneamente entre os dois me surpreendeu mais do que esperava, a autora soube captar a essência desse amor, que era verdadeiro, puro, mágico e inocente. Mas como tudo na vida não é mil maravilhas (nem na realidade nem nos romances de época), seus pais não concordaram com tal união e um terrível desentendimento acaba por comprometer o relacionamento do casal, resultando assim em sua separação.

“[...] Sou o filho de Vossa Senhoria. O outro Vossa Senhoria. E a senhorita...

 -Estou em apuros –disparou ela.

Robert pegou sua mão, que ela não lhe estendera, e curvou-se

-Fico bastante honrado em conhecê-la, Srta. Estou em Apuros.” 

“[...] O senhor me dá a impressão de ser um libertino.

Isso chamou a atenção de Robert.

-E a senhorita conhece muitos libertinos?

-Não, claro que não. Mas, se conhecesse, creio que se pareceriam com o senhor”. 

“Nunca vi nada tão lindo.

Robert encarava Victoria.
-Nem eu.” 

O segundo momento é marcado pelo reencontro do casal que ficou distante durante longos sete anos. Tanto Robert como Victoria amadurecem e seguem suas vidas, contudo ainda apresentam cicatrizes e mágoas do passado. E o terceiro momento é quando o casal decide se vai ou não dar finalmente a oportunidade a esse amor.

“Porque ela faz com que eu me sinta vivo”

A história do livro é bem simples e totalmente centrada no casal, é aquela leitura leve, fluida e muito divertida, com diálogos rápidos e recheados de humor. Eu gostei muito de Victoria e de acompanhar seu amadurecimento ao longo da trama e também gostei do mocinho, apesar de ter achado algumas de suas atitudes um tanto desesperadoras e controladoras, mas como estou vendo de fora, observando os dois lados, compreendo seus motivos e entendo o seu desejo em querer recuperar o tempo perdido. E outro ponto que gostei foram as personagens secundárias, Julia Quinn sempre constrói suas personagens com muito carinho e dedicação, ou seja, dependendo da situação o leitor se apega até pelo padeiro que passa na rua (risos). Me diverti muito com as cenas que se passaram dentro da loja da Madame Lambert, adorei Sra. Brightbill e Harriet (tia e prima de Robert) e estou curiosíssima pela história de Ellie (irmã de Victoria) que será a protagonista do próximo volume.

“Você não esteve comigo nos últimos sete anos. Não tem como saber o que senti ou deixei de sentir.

-Eu sei.- Ele fez uma pausa.- E isso parte meu coração.” 

Apesar do romance apresentar muitas cenas divertidas, há também uma situação muito delicada em seu enredo, o que me trouxe algumas reflexões: o quanto é difícil perdoar alguém quando somos decepcionados e o quanto é difícil voltar a ter confiança nessa pessoa. Os dois personagens erraram em não tentar buscar compreender o que de fato aconteceu, claro que em minha opinião o erro de Robert foi um pouco maior, mas ambos possuem seus erros nesse relacionamento. No entanto, Robert acaba assustando Victoria, que entra num dilema: será que valeria a pena dar uma nova oportunidade a esse amor e sacrificar a independência que enfim conquistara? 

“-Se deixá-lo me amar, ele vai partir meu coração de novo? [...] -Se me permitir amá-lo, ainda poderei ser eu mesma?” 

“Não sei porque está tão certa de que me amar significa perder sua identidade.” 

Sinceramente, não me senti incomodada com as atitudes dos protagonistas, até porque vejo a maioria das personagens (não todos, mas a grande maioria) criados pela Julia Quinn com um leve toque de humor, ou seja, não levei muito a sério as decisões mirabolantes feitas por Robert, até porque sei que ele não queria o mal para Victoria. Mas, se eu estivesse no lugar dela ia querer esmurrá-lo? Sim, COM CERTEZA (risos), e esse foi um dos motivos que me fizeram gostar dela, porque Victoria não o recebeu de braços abertos, ela se mostrou diferente da mocinha, ingênua de sete anos atrás e já estava farta de se machucar. Por outro lado, também a achei teimosa e indecisa (risos). No entanto, os defeitos dessa mocinha e mocinho resultaram em muitas cenas de humor que me divertiram, cenas lindas que me fizeram refletir e suspirar, cenas intensas onde eu queria matar um dos dois (risos).

“A vida não se trata de arrastar-se para baixo de uma pedra e ver o mundo passar, esperando que nada nos afete. [...] A vida é sobre se arriscar, sobre tentar alcançar a lua.” 

Uma coisa é certa, Julia Quinn sabe trilhar o caminho de suas histórias, um dos pontos que mais aprecio na escrita dela é a forma leve, fluida e divertida que ela conduz a trama, sabendo dosar muito bem a transição do humor para o drama da cena. Se você me perguntar se acredito em amor à primeira vista, eu até diria que sim, acredito, mas não acho que seja algo que aconteça com frequência, principalmente nos dias de hoje. Mas, independentemente do que acredito, esse romance me cativou. Foi sim uma história de amor à primeira vista, mas não aquele “amor à primeira vista de contos de fadas sabe”, foi algo mais real, mais palpável, cheio de erros e defeitos, porque faz parte, existem sim desentendimentos, amadurecimentos e decisões a serem tomadas, muitas vezes boas e outras nem tanto. Foi um romance que me fez sorrir, suspirar e refletir. Super recomendo!!!

#DESAFIOHISTORICOSEEU3: Que tenha sido publicado este ano em 2018 - "Mais Lindo Que a Lua" foi publicado aqui no Brasil em 08/01/2018 pela Editora Arqueiro.

Eloise G.F