[Resenha] Lemony Snicket Autobiografia Não Autorizada

A Pândega do Pônei -As Crianças Mais Sortudas do Mundo!

Autor: Loney M. Setnick

Editora: Companhia das Letras

240 páginas

Laurie, Larry e Pequena Linda Sorteabeça são três crianças sortudas e felizes que se preparam para uma festa ultra mega divertida, no entanto essas crianças afortunadas não imaginam o elemento surpresa que estará nessa festa ultra mega divertida: pôneis de verdade!!! A festa ultra mega divertida será a alegria da criançada. A essa altura da resenha é provável que você já tenha desistido ou até dormido com a leitura desse texto chato e improvável – uma palavra que aqui significa “duvidosa”. Digo improvável devido ao mal uso das palavras “sortudas”, “felizes” e “crianças” inseridas numa mesma sentença, portanto irei sugerir palavras que seriam mais apropriadas para o título e temática dessa história, caso algum dia, de fato, for publicada: desafortunados, trágico, órfãos, incêndios, e outros males relacionados a fogo ou  má sorte...Agora que não há mais ninguém lendo a resenha poderei abordar sobre o que retrata verdadeiramente esse texto, afinal a resenha é apenas uma distração para guardar os arquivos certamente sigilosos e cruciais. Respeitosamente, E:

Lemony Snicket Autobiografia Não Autorizada

Autor: Lemony Snicket pseudônimo do autor Daniel Handler

Editora: Companhia das Letras

240 páginas

“Aqui o mundo é sereno”

Brincadeiras à parte, esse livro retrata alguns esclarecimentos e revelações sobre a vida de Lemony Snicket. Para quem não conhece esse cara, Lemony é o narrador (e também pseudônimo de Daniel Handler) dos 13 volumes de Desventuras em Série. A trama de Desventuras é repleta de espionagens, disfarces e organizações secretas, o que faz com que a história seja repleta de mistérios e segredos jamais revelados, por isso que o conteúdo desse livro é tão importante para os fãs da série.

“Hoje foi um dia muito frio e pungente, tão frio e pungente quanto uma taça de chocolate quente, se à taça de chocolate quente tivessem acrescentado vinagre, e se ela tivesse sido posta na geladeira por várias horas. Fora o tempo, o dia estava tão normal quanto um bando de focas aladas passeando de monociclo, se você mora em algum lugar onde isso é normal, até que uma pessoa misteriosa — uma palavra que aqui significa "arcana" — entrou pela porta giratória” 

A capa foi um ponto que me chamou atenção, isso porque o livro apresenta um jacket que pode ser usado dos dois lados, a capa real refere-se a “Lemony Snicket Autografia Não Autorizada” e a sobrecapa refere-se a história “A Pândega do Pônei - As Crianças Mais Sortudas do Mundo!”, (que eu descrevi brevemente no texto acima). O motivo para ter uma sobrecapa reversível é para proteger o leitor contra o risco de ser pego lendo um livro tão perigoso, portanto o autor explica para utilizar a capa “A Pândega do Pônei - As Crianças Mais Sortudas do Mundo!”, com intuito de disfarçar o real conteúdo da obra, afinal as informações contidas dentro dele não podem cair em mãos erradas. Em minha opinião, essa foi uma estratégia muito inteligente, pois imergimos no universo de Lemony e de Desventuras sem ao menos ler o primeiro parágrafo, só a capa já nos conduz a esse mundo. E foi por esse motivo que iniciei a resenha com essa brincadeira, sem mencionar que não consigo ler um livro narrado por Lemony Snicket e não me sentir influenciada por sua escrita divertida e sagaz.

“Todos sabem que um dos meios mais fáceis de despistar seus inimigos é inventar uma longa e mentirosa história sobre como alguma coisa chegou às suas mãos, passada por um desconhecido misterioso, ou como, tendo perdido aquela coisa, você recebeu uma carta, ou uma mensagem escrita em letra de mão ilegível, por meio de um aperto de mão.” 

“Como estava dizendo, se eu fosse contar a vocês que a minha tia me fez prometer só entregar este pacote à minha sobrinha ou ao meu sobrinho — só que eu não tenho sobrinha nem sobrinho, e não acho que algum dia terei, [...] "

O livro apresenta vários conteúdos a respeito de Lemony, porém também traz algumas informações de outros personagens da série. O leitor se depara com uma linda diagramação repleta de fotos, cartas enigmáticas e duvidosas, códigos indecifráveis, trechos crípticos de livros e todo tipo de arquivo que descreve sobre organizações secretas, disfarces, inimigos, entre outros.

“O fogo é como ganância, meu camarada. Ele se espalha pelo mundo, pensando apenas em si mesmo, e apodera-se de tudo o que encontra, acabando com a diversão de todo mundo.”

“[...] se você está esperando alguém e esse alguém não aparece, é difícil saber exatamente quando desistir e aceitar que ele não vem.”

“[...] não entendo por que algumas pessoas vão ao teatro quando aparentemente prefeririam estar desembrulhando balas ou falando ao telefone [...]”

Em minha opinião, esse é um livro que deve ser lido após a leitura dos treze volumes de “Desventuras em Série”, pois acredito que as pessoas que não conhecem a série poderiam ficar muito perdidas. Portanto, se você já leu, ou melhor ainda, se acabou de ler a série, corre e vai conferir esse livro. É uma leitura rápida e fluida, o tipo de livro que você lê numa tarde. Sou suspeita a falar porque Lemony é meu personagem preferido da série, mas me deliciei com cada página e foi muito divertido adentrar um pouquinho mais em sua história. Apesar de não haver muitas revelações, há várias conexões e curiosidades intrigantes a respeito da série. Eu me senti como se estivesse em posse de um arquivo extremamente importante e secreto. Foi realmente uma experiência única e muito divertida. Para quem já é fã da série vale muito a pena adquirir. Como mencionado acima o design e diagramação dessa obra está impecável, a Companhia das Letras fez um belo trabalho. Super recomendo!!

P.S:

’’1. Este livro não aparenta ser uma falsificação, o que não quer dizer que a história seja verdadeira — somente que é contada com rigor.

2. Que este livro procede do sr. Snicket é fato inquestionável, o que não quer dizer que não seja questionado por algumas pessoas.

3. O livro é mais ou menos dividido em treze partes, cada qual com uma pergunta como título. Não se sabe ao certo se foi dividido pelo próprio sr. Snicket ou por algum outro membro do grupo, embora o sr. Snicket raramente frequente grupos [...]” 

Eloise G.F