[Resenha] A Torre do Terror

A Torre do Terror

Autora: Jennifer McMahon

Editora Record

378 páginas

O Hotel da Torre já foi uma ótima atração e parada para os viajantes que passavam pela Pequena Londres, em Vermont, EUA.  No entanto, com o passar dos anos, se tornou cada vez menos visitado até que ficou totalmente abandonado e entregue as traças.

As fotografias presentes na foto são meramente ilustrativas.

 *Foto das garotas com galinhas (fonte: pinterest) foto da torre (fonte: freepik)*

“Quando à sua porta bater a Morte,

Você pensará já ter visto seu rosto, sem sorte.

Quando ela pé ante pé subir sua escada,

De pesadelos você reconhecerá a emboscada.

Mas se lhe mostrar um espelho o que vai ver

É que você é ela, e ela é você.” 

Logo, o hotel que antes lotava seus 28 quartos, não era mais nada do que uma lembrança histórica da região. Ninguém sabia dos mistérios que rondavam o lugar, exceto Amy Slater, filha da família que o administrava e suas duas amigas, as irmãs Piper e Margot. No entanto, as meninas não sabiam o quão perigoso era desenterrar segredos antigos. Os segredos revelados eram tão repugnantes que as fizeram prometer a nunca mais mencionar uma palavra sobre aquele assunto, e eram tão macabros e sombrios que determinou o fim da amizade de Amy com as irmãs.

“Às vezes uma mentira não é o que se diz, mas o que não se diz. Uma omissão.” 

Anos se passaram, as duas irmãs continuaram distantes de Amy, no entanto uma notícia trágica muda todo o rumo da história. Amy e toda sua família está morta, e o pior, o maior suspeito é a própria Amy. Piper e Margot acham essa história um tanto estranha e duvidam que sua antiga amiga teria coragem de fazer algum mal contra o marido e seus filhos, mas o que mais as intrigam é a mensagem que Amy deixa antes de morrer: “29 quartos”. Tal mensagem só pode ter sido escrita para Piper e Margot, só as duas sabiam sobre os segredos do lugar e sobre o que aquela mensagem se referia. Agora cabia a elas revisitar todos os mistérios que deixaram para trás, quando ainda eram apenas crianças...tudo iniciou com uma mala, encontrada na torre, que pertencia a Sylvie Slater (tia de Amy), desaparecida em 1961.

“As palavras e os pensamentos têm poder e, se você permite que seus piores medos tomem forma, corre o risco de transformá-los em realidade.” 

Foi uma enorme surpresa a leitura desse livro, não conhecia nada da autora ou sobre essa obra e me deliciei a cada página lida. Jennifer McMahon sabe conduzir e manter o suspense na trama, os mistérios são revelados aos poucos e cada capítulo finaliza de forma intrigante. A autora retrata três histórias por meio de uma narrativa primorosa que são intercaladas entre presente e passado. Cada capítulo é narrado sob o ponto de vista de uma personagem diferente. A maior parte do presente, retratado em 2013 e do passado em 1989, é narrado por Piper e Jason (rapaz que foi apaixonado por Amy durante um longo tempo). As personagens, cada uma com personalidade e dilemas distintos, são reais e plausíveis, o que permite o leitor a se envolver ainda mais com a trama e seus enigmas.

“Então sentiu de novo: aquela respiração sibilante com um fedor de podridão, de carne em decomposição, e o cheiro de pelo molhado, tão forte que ela conseguia senti-lo no fundo da garganta.” 

Minha parte favorita é a história de Rose (mãe de Amy) e Sylvie. Todos os relatos desse período são feitos sob o olhar de Rose quando criança (1955) e quando adolescente (1961), que percebe que há algo de errado a sua volta, principalmente com sua irmã. Rose é uma garota mais simples, porém muito perturbada, ao contrário de sua irmã Sylvie, uma jovem que brilha e se destaca tanto pela beleza e carisma como por suas habilidades. No entanto, o único acesso que temos aos pensamentos de Sylvie são suas cartas que aparecem no início de alguns capítulos endereçada ao famoso cineasta Alfred Hitchcock, considerado o “mestre do suspense” e que dirigiu inúmeros filmes, dentre eles “Pacto Sinistro” e “Psicose”. Sylvie tinha um grande fascínio por Hollywood e é através dessas cartas que o leitor é conduzido aos seus pensamentos, sonhos e temores.

“Sr. Hitchcock, antes que eu continue, preciso fazer uma pergunta: O senhor acredita em monstros? ”

A trama se desenrola em torno de uma torre e de um suposto “vigésimo nono quarto” que estaria presente no hotel. Nos deparamos com uma história aterrorizante que envolve desde superstições a fantasmas e monstros. Na verdade, é difícil discernir o que é fantasia e o que é real quando se está nos aposentos do Hotel da Torre.

“O interior da torre estava mais escuro que breu. Qualquer coisa poderia estar ali dentro, qualquer coisa mesmo. Dentes. Uma língua. Prestes a engoli-la inteira. A esmagar seus ossos. A transformá-la em fumaça.”

Não posso deixar de ressaltar que temos mais um suspense narrado nas terras da Nova Inglaterra, local de extrema valor histórico dos EUA, considerado o berço da América, com muitas atrações turísticas e paisagens fascinantes e pitorescas. Essa região engloba seis estados: Maine, Vermont, New Hampshire, Massachussetts, Rhode Island e Connecticut. Pra quem não sabe muitos livros de terror são ambientados nessa região como obras de H.P Lovecraft e de Stephen King. Aliás muitos autores do gênero viveram/vivem em cidades da região como Ed e Lorraine Warren e os já mencionados King e Lovecraft. A propósito a autora Jennifer McMahon também é de lá. Curioso não? Ou seja, não tem como negar que é o melhor lugar para ambientar contos de terror.

A Torre do Terror nos conduz a um suspense de tirar o fôlego, com uma leitura fluida e intrigante, uma narrativa magistral e segredos aterradores. A cada página um novo mistério, a cada capítulo uma nova revelação. Super recomendo!