Entre Quatro Paredes
Autora: B.A Paris
Editora: Record
266
páginas
Grace
e Jack possuem uma vida perfeita. Casados há pouco tempo, aproximadamente um
ano, os dois são o tipo de casal que não se desgruda. Grace deixou o emprego
assim que se casou e agora se dedica ao marido e à casa, sempre fazendo
jantares impecáveis para amigos, além de se dedicar a jardinagem e pintar
quadros maravilhosos. Jack também é muito dedicado, sempre mimando e elogiando
sua esposa perfeita. Ele é advogado especializado em mulheres vítimas de
violência, um homem carinhoso, bonito, rico e muito educado. Quem olha de fora
pensa que os dois foram feitos um para o outro. Quem olha de fora pensa que os
dois tem sorte, que são o casal perfeição, que Grace é feliz....Será? Nem tudo
o que vemos é o que realmente é, e Grace sabe muito bem disso. Ela não tem celular,
sua conta de e-mail é compartilhada e só sai de casa ao lado de Jack. Será que esse
modo de vida é porque o casal é assim tão apaixonado ou será que eles escondem
alguma coisa?
O início
da leitura me lembrou um pouco “O Casal Que Mora Ao Lado”, até porque, assim
como o livro citado, “Entre Quatro Paredes” inicia em um jantar entre amigos e
nota-se que apesar da conversa natural e descontraída, o casal principal e
anfitrião apresenta algum tipo de problema. No entanto, as similaridades param
por aí. O problema vivido entre o casal só é apresentado aos leitores pela voz
de Grace. Nenhum outro personagem sabe que eles vivem em conflito diário devido
a conduta de seu marido.
“São
noites como essa que me fazem lembrar por que me apaixonei por ele. Charmoso,
divertido e inteligente, Jack sabe exatamente o que dizer e de que forma
dizer.”
“[...]
havia nele uma elegância e uma descontração que não podia ser ignorada.”
“Olho
ao redor com todos sorrindo e brincando juntos, sem conseguir entender como a
minha vida tinha se transformado num inferno que ninguém ali sequer conseguia
imaginar. ”
O
livro toma um rumo totalmente diferente do eu que imaginava. Grace passa por
uma situação extremamente desconfortável, perigosa e claustrofóbica, algo que
não consigo nem imaginar me ver passando. O leitor acompanha toda a agonia e
angústia da protagonista que tem que fingir viver em um casamento perfeito
quando na verdade está ao lado de um verdadeiro monstro.
“Ele
é meu vigia, meu guardião, meu carcereiro. ”
“Eu
mal comecei a entender o que Jack sabe desde o início: o medo é o melhor freio
de todos.”
Em
minha opinião, Jack é um dos psicopatas mais cruel e inteligente no que se
refere a jogos sádicos, ele não precisa machucar a pessoa fisicamente, pois o
que ele faz com a mente e modo de vida da esposa é perturbador e revoltante. Independente
da vida que leva, Grace segue em frente e suporta todo o sofrimento devido a
sua irmã Millie, que tem síndrome de Down. Millie estuda numa escola integral e
logo irá morar com Grace e Jack. No entanto, Grace quer que isso jamais
aconteça, pois sabe que se sua irmã mais nova for morar naquela casa, ela será
condenada a viver da mesma maneira ou pior, portanto a protagonista busca um
meio de conseguir fugir de Jack ou de mostrar a sociedade quem ele realmente
é....o que não é uma tarefa fácil, afinal, como falar mal de um marido que é
bonito, charmoso, educado e que possui um trabalho extremamente respeitável. Portanto,
Grace entra em um dilema: como provar as pessoas que ele é o monstro sem
parecer uma louca?
“A escuridão total do ambiente, sem nenhum sinal de luz vindo das janelas, assim como o silêncio- pois a casa estava assustadoramente quieta- me deixaram subitamente aterrorizada.”
“[...] sua capacidade de prever minhas ações significava que eu estava destinada a fracassar desde o início. ”
Um
dos pontos que mais gostei do livro é o fato de ser narrado em primeira pessoa, pois o leitor acompanha toda a trajetória de Grace sem saber o próximo passo de Jack, o que, em minha opinião, eleva o suspense da história. Os capítulos são intercalados entre o presente e passado de Grace (que mostra
como ela foi parar nessa situação tenebrosa). O
livro tem um ritmo muito bom, cada página o leitor se depara com uma nova surpresa
de Jack e de sua personalidade macabra. Ele é o tipo de vilão que não se ganha
simpatia.
“[...]
quando sou bem-sucedida, como no último sábado, o gosto do sucesso torna a
minha vida suportável. Assim é a minha vida.”
“[...]
sorrio e desejo desesperadamente que a vida ainda fosse tão simples, tão
inocente. ”
“Mas
eu posso morrer de tédio, afinal, não há nada para aliviar os dias vazios que
se estendem ao infinito. “
A
autora soube conduzir e fechar a trama de forma satisfatória, com um desfecho
delicado, inteligente e comovente. Gosto quando o livro não segue os mesmos
padrões de outras tramas e me surpreendi bastante com o último diálogo do
livro. Essa obra é um thriller psicológico envolvente e perturbador, com uma
leitura fluida, que te prende do início ao fim. É o tipo de livro que o leitor
anseia pela próxima página. Super recomendo!
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