Amor
e Amizade & Outras Histórias
Autora:
Jane Austen
Editora:
L&PM
144 páginas
Além
dos seis romances mais famosos publicados da autora, há outras obras curtas e
histórias que foram escritas ainda em sua adolescência. Esta edição abrange
duas novelas epistolares (“Amor e Amizade” e “As Três Irmãs”) e pequenos cinco
contos, todos textos ficcionais de sua juventude e narrados em forma de carta.
Amor e Amizade é uma novela que data de 1790 (quando nossa autora
tinha apenas seus 15 aninhos). A história retrata a troca de cartas entre
Laura, uma mulher mais madura e vivida, e Marianne, uma jovem filha de uma
querida amiga. Em suas cartas, Laura relata as desventuras amorosas que
aconteceram em sua mocidade desde o momento que se casa com Edward e conhece
seus novos amigos, o casal Augustus e Sophia, cuja trama envolve amores
proibidos, viagens, mortes, fugas, encontros e desencontros. Por ser uma história
curtinha, o enredo é bem enxuto e tudo se desenvolve muito rápido, contudo
acontece tanta coisa extraordinária e dramática na vida de Laura que não tem
como não rir de suas desgraças, principalmente ao que se refere aos
sistemáticos desmaios que ela e sua amiga Sophia sofrem ao decorrer da
história, que ao meu ver, tais desmaios acabam sendo até uma sátira às jovens
fúteis da época ou talvez uma ironia referente ao ato de desmaiar visto em
outros romances como um ato de sentimentalismo e fragilidade feminina e na vida
real não era assim...ou talvez era (bom são só algumas suposições).
“Para completar tão incompatível barbaridade, fomos informados de que uma execução legal teria lugar dentro em breve. Ah! O que poderíamos fazer, afora o que fizemos? Suspiramos e desmaiamos no sofá”
“Continuamos nessa desafortunada situação por uma hora e quinze minutos – Sophia desmaiando a todo momento, e eu enlouquecendo com a mesma frequência. ”
Para quem conhece Julia Quinn e já me viu falar sobre o livro
dentro do livro denominado “Miss Butteworth e o Barão Louco”, saibam que me
senti lendo as desventuras de Priscilla ao ler Amor e Amizade de Jane Austen. Foi
uma experiência totalmente nova com a autora, achei que teve um aspecto mais
teatral, como se estivesse vendo uma peça encenada por atores muito ruins, que
pra mim, é justamente o que deixou a história com aspecto mais cômico. Porém,
não se deixe enganar, a história é bem interessante, daquela que te prende do
início ao fim e que instiga o leitor a querer entender e saber qual rumo toma a
vida de Laura. Gostei muito dessa novela.
“Ela nada mais era do que uma mera jovem
bem-humorada, cortês e prestativa; como tal, dificilmente poderíamos desgostar
da moça- ela era somente um objeto de desprezo.
“Cuidado com os desmaios...Embora de
momento possam ser refrescantes e agradáveis, no final provarão ser, creia em
mim, se repetidos demais e em estações impróprias, destrutivos para sua
constituição...”
Um
ponto que adoro em Jane Austen é que ela consegue desenvolver muito bem os personagens
inteligentes com personalidades cativantes, e maravilhosamente bem os personagens
intragáveis com personalidades fúteis e atitudes insuportáveis. Seus textos
sempre são escritos de forma inteligente com diálogos bem construídos acompanhados
de humor e ironia. É interessante ver como essas características estão presentes
desde os primeiros escritos da autora.
Em As
Três Irmãs acompanhamos a história e o dilema de Mary Stanhope que recebeu a
proposta de casamento do Sr. Watts, porém a jovem pensa em recusar a oferta
pois mesmo sendo extremamente rico, ela o acha um tanto velho (32 anos) e feio,
contudo ela também pensa em aceitar o pedido porque não quer imaginar, uma de
suas duas irmãs casadas primeiro que ela. –Ou
seja já dá para entender qual tipo personalidade que ela se encaixa né. A
história se resume nesse importantíssimo dilema. Mary é insuportável, porém
suas duas irmãs, Sophy Georgiana, são muito perspicazes e sabem lidar com a
irmã mais velha, utilizando contra ela justamente sua vaidade e orgulho.
“Você é a garota mais estranha do mundo
Mary. O que diz num momento, desdiz no momento seguinte.”
Uma
Coletânea de Cartas é uma compilação de cinco contos bem pequenos que retratam
situações como apresentação de filhas na sociedade, fofocas, amores proibidos e
desigualdade de classes e a utilização de nomes como Willoughby ou Dashwood, que
acabam sendo reaproveitados posteriormente nos romances principais da autora.
“[..]nada é mais delicioso para nossas
sensações do que ouvir falar de uma desgraça semelhante.”
A
minha preferida foi a história retratada na terceira carta, da jovem Maria que é
alvo de chacota de uma mulher nobre que tem prazer de convidar a jovem de
aspecto mais humilde as suas festas e jantares justamente para humilhá-la. Eu
gostei da personalidade de Maria, me lembrou um pouco Elizabeth Bennet, talvez
por isso gostei tanto desse conto e fiquei com vontade de saber mais sobre a
história.
“[...]
minha mãe sempre me adverte de que preciso ser humilde e paciente se eu quiser
subir na vida. Ela insiste que devo aceitar todos os convites de Lady Greville;
não fosse isso, você pode ter certeza de que eu jamais entraria em sua casa e
tampouco em sua carruagem, tendo sempre a desagradável convicção de que serei
insultada por minha pobreza enquanto estiver nelas.”
Essa
edição é de uma coleção fofíssima da L&PM pocket, quero ter TODOSSSS!
Sério, as capas são muito fofas!! É sempre bom conhecer mais sobre um autor que
amamos e definitivamente adorei conhecer um pouquinho mais sobre a jovem Austen.
Super recomendo a leitura!!!
Eloise G.F
Nenhum comentário :
Postar um comentário