Razão e Sensibilidade
Autora:
Jane Austen
Editora:
Martin Claret
298 páginas
Primeiro
livro a ser publicado, em 1811, pela autora sob o pseudônimo de A Lady,
Razão e Sensibilidade retrata a vida e relacionamentos das irmãs Elinor e
Marianne Dashwood. A primeira enxerga a vida de uma forma mais lógica e
racional, evitando assim, demonstrar suas emoções, enquanto a segunda vive
guiada pela emoção demonstrando seus sentimentos com extrema facilidade. As
duas jovens vivem com a mãe e a irmã caçula. A história inicia-se com a morte
do pai, Sr. Dashwood, que passa sua propriedade para seu único filho homem
(gerado em seu primeiro casamento), como consequência a família de Elinor e
Marianne precisa se retirar da casa que agora pertence a seu meio-irmão, John.
Em seu leito de morte o Sr. Dashwood solicita a John para ajudar suas meias-irmãs
que não possuem dote, dando-lhes o suporte necessário. John faz a promessa para
o pai, entretanto por ser um homem muito egoísta e influenciado pela esposa
egocêntrica e ambiciosa acaba não ajudando em praticamente nada.
Com
a ajuda de um parente distante, a Sra. Dashwood se muda com suas filhas para um
chalé mais modesto, porém confortável. As duas irmãs mais velhas vivem o amor e
suas decepções de forma bem distintas. Elinor se apaixona por Edward Ferrars,
um homem simpático, inteligente, tímido e bastante reservado. Eles se conhecem na
antiga propriedade da família Dashwood que agora pertence a seu meio-irmão.
Edward é irmão de Fanny, a antipática esposa de John. O relacionamento entre o
casal tem tudo para dar certo, porém assim que a família Dashwood se muda para
o chalé, Elinor descobre que há muitas coisas que desconhece a respeito de
Edward e se torna confusa e muito aflita. Aos poucos ela perde as esperanças de
um futuro ao lado de seu amado. Mesmo diante de tal angústia, Elinor resolve
não revelar nada a sua família, vivendo a aflição apenas para si, até ter
certeza se os fatos que descobriu são realmente verídicos.
“[...]
quando a mente não quer ser convencida, sempre encontra algo para inspirar-lhe
dúvidas [...]”
“Receio
que a delícia de uma ação nem sempre demonstra a sua conveniência. ”
Já Marianne vive um
romance aberto e apaixonado com o atraente Willoughby. Contudo, o jovem a
abandona abruptamente afirmando que precisa ir para Londres e não terá previsão
de retorno, deixando Marianne completamente abalada e deprimida por essa
mudança repentina. Além, de Willoughby, Marianne possui outro pretendente, o
Coronel Brandon, porém a jovem não apresenta nenhum interesse nele, pois o
considera um homem muito velho e desacredita piamente que ele possa sentir ou
inspirar amor em alguém.
“Elinor
[...] possuía uma força de entendimento e uma frieza de julgamento que a
qualificavam, embora tivesse apenas dezenove anos, para ser a conselheira da
mãe [...] Tinha um excelente coração, um temperamento afetuoso e sentimentos
fortes; mas sabia como governa-los."
“Marianne
[...] era sensível e inteligente, mas intensa em tudo: suas angústias, suas
alegrias não tinham limites. Era generosa, agradável, interessante: era tudo,
menos prudente. ”
De
fato, o roteiro gira em torno do contraste da racionalidade de Elinor com o
sentimentalismo de Marianne, todavia, a vida e os romances das jovens são,
constantemente, afetadas pela sociedade, com suas fofocas e excesso de polidez.
Em muitas ocasiões, há desvios de informações, o que acaba trazendo
infelicidades precipitadas para as protagonistas da trama. O enredo foi muito
bem construído, Austen tinha uma habilidade impecável em desenvolver
personagens cativantes e adoráveis como detestáveis e desprezíveis. Mesmo que haja um ou outro personagem considerado “mau” na trama não consigo considerá-los vilões, mas
sim pessoas que escolhem um caminho tortuoso ou que são levados pela ambição e
egoísmo. Isso porque não os vi fazendo um mau direto a ninguém, mas sim buscando seus próprios interesses, que acabam sendo egoístas e logicamente machucando as pessoas que se importam com eles.
“Não
era um rapaz de má índole, a menos que ser algo frio e egocêntrico signifique
ter má índole [...] Se tivesse se casado com uma mulher mais agradável, poderia
ter-se tornado ainda mais respeitável do que era; poderia até ter-se tornado
ele mesmo agradável [...] No entanto, a sra. John Dashwood era uma forte
caricatura do marido: mais tacanha e egoísta. ”
“Se
o elogio delas é censura, a censura de vocês pode ser elogio, já que a falta de
discernimento delas não é maior do que os preconceitos e as injustiças de vocês.
”
“John
Dashwood não tinha muito a dizer que valesse a pena ouvir, e sua mulher, menos
ainda. Mas não havia aí nenhuma desgraça especial, pois isso acontecia com a
maioria dos visitantes, quase todos vítimas de um ou de outro destes defeitos que
os impediam de ser agradáveis: falta de sensatez, quer por natureza, quer por
educação, falta de elegância, falta de inteligência ou falta de caráter. ”
O
primeiro contato que tive com essa obra foi com o filme de 1995 (estrelado por
Emma Thompson e Kate Winslet) e tanto o filme como livro me passaram uma
tremenda aflição ao longo da história. A todo momento parece que as irmãs
Dashwood terão um final infeliz e angustiante, porém apesar de altos e baixos,
Austen apresenta viradas na história surpreendentes, segredos que são revelados
e esclarecidos e uma reflexão sobre o equilíbrio da razão e emoção tanto na
vida como no amor.
“[...]
ninguém adivinharia pela aparência das irmãs que Elinor estivesse chorando em
segredo por obstáculos que deviam separá-la para sempre do objeto do seu amor, e
que Marianne estivesse interiormente relembrando sem parar as perfeições de um
homem de cujo coração se sentia senhora absoluta, e que esperava ver em cada
carruagem que passava perto de casa. ”
É
a minha segunda história favorita da autora (perde apenas para Orgulho e
Preconceito), retrata de forma sincera e verdadeira os sentimentos e
personalidades de personagens da vida comum, com diálogos inteligentes e bem
elaborados, carregados de humor e críticas a sociedade. É uma leitura
deliciosa, divertida e emocionante. Super recomendo!!
Eloise G.F
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