Simplesmente O Paraíso (Volume I – Quarteto Smythe Smith)
Autora: Julia Quinn
Autora: Julia Quinn
Editora: Arqueiro
272 Páginas
*Esta resenha não possui spoilers.*
*Esta resenha não possui spoilers.*
Se eu puder definir esse romance em uma frase,
seria: “uma vida salva, um beijo dado ou uma torta de melado roubada...”- pg
195. Simplesmente O Paraíso é um romance singelo e gracioso. Honoria
Smythe-Smith e Marcus Holroyd se conhecem desde crianças, e os dois ao lado de
Daniel Smythe-Smith (irmão de Honoria) criaram um lindo e forte laço de
amizade. No entanto, devido a uma situação complicada, Daniel precisa deixar o
país às pressas. Mas antes de partir faz seu amigo Marcus prometer que irá
cuidar de Honoria, não permitindo que a jovem se casasse com uma pessoa
inadequada e sem caráter. Apesar de não se sentir confortável com essa
situação, Marcus promete cumprir o pedido do amigo, e mesmo detestando as
temporadas sociais, ele passa a observar Honoria com frequência afastando
pretendentes que não seriam adequados a moça.
Contudo, para Marcus praticamente ninguém é bom o
suficiente para ela. Ele a conhece tão bem que se torna muito exigente nessa
escolha. Por outro lado, Honoria não faz a mínima ideia que Marcus é o
responsável por espantar os homens que mostram certo interesse nela, e acaba
confundindo o olhar de seu amigo como uma desaprovação a si mesma, porém ela estava muito enganada.
“Notei todas as outras damas também [...] Mas você
é a única que me lembro.”
Marcus Holroyd é um homem muito reservado, e apesar
de ser muito rico e um ótimo partido, acaba por assustar as debutantes ao invés
de conquistá-las devido ao seu jeito de ser. Na verdade, as jovens apresentam grande interesse por ele, mas não sabem como se aproximar, não porque ele seja bruto ou
ranzinza, porque ele não é nada disso, e sim por ser muito sério. Num primeiro
momento, a seriedade de Marcus pode trazer certos equívocos a seu respeito, mas
ele é um homem muito educado, amável e até um pouco tímido. Quase ninguém
conhece o verdadeiro Marcus com exceção, é claro, de Honoria.
“Sussurravam sobre Marcus como se ele fosse o herói
de um romance ou vilão gótico e misterioso que precisava ser redimido.”-pg. 21
Esse romance apresenta alguns aspectos diferentes
de outros livros da autora, isso porque os sentimentos, tais como a amizade, o respeito e o amor, entre os casais dos outros romances nascem e se desenvolvem ao longo
das histórias, claro que o amor entre Honoria e Marcus também cresce e se
desenvolve no desenrolar da trama, porém nesse caso, também é um amor que se
transforma, pois a conexão entre eles é muito forte desde o início do livro. E
isso foi um dos pontos que mais amei no romance, pois o amor retratado nele é
puro, ingênuo e verdadeiro.
“Ele não sabia. Não sabia o que significava aquele
olhar. Poderia jurar que os olhos de Honoria ficavam mais escuros a cada
momento. Mais escuros e mais profundos. Tudo em que Marcus conseguia pensar era
que ela era capaz de ver dentro dele, no fundo do seu coração.No fundo da sua
alma.” – pg. 176
Outro ponto interessante é que Marcus também foge
um pouco dos mocinhos de outros romances da autora. Ele não é o típico
libertino, pelo contrário, é um homem bem na dele e não se sente a vontade com
a superficialidade que as pessoas o tratam, principalmente em temporadas
sociais onde as pessoas sempre estão tentando agradar e sorrindo com afetação.
Em alguns momentos ele me lembrou um pouco o Phillip (do quinto volume de OsBridgertons: Para Sir. Phillip, Com Amor), porém, para ser sincera prefiro o
Marcus a Phillip, nada contra o segundo – risos- mas Marcus é mais simpático.
“Talvez você seja meu porto seguro.”- pg. 134
Mas o que falar de Honoria e sua família
barulhenta? Bom, Honoria Smythe-Smith é uma personagem que encanta, tem uma
personalidade divertidíssima e toca terrivelmente - ri horrores com ela nesse
livro. Foi maravilhoso finalmente estar por trás dos famosos e tenebrosos
recitais da família, e o mais divertido de tudo é assistir de camarote as
reações das jovens que precisam tocar no concerto. O quarteto é divertidíssimo
e apresentam opiniões divergentes. De um lado temos Sarah e Iris que sabem o
quanto o recital é prejudicial aos ouvidos, do outro lado temos Daisy, irmã de
Iris, que acredita piamente que o recital é maravilhoso e apesar de ser a pior
do quarteto é a mais empolgada para estar no palco e por último temos Honoria
que sabe que toca muito mal, que o recital é desastroso, mas que respeita e
admira a tradição da família, portanto sempre tenta dar seu melhor no concerto
– mesmo que isso seja impossível. É importante ressaltar que Iris é a única que
sabe tocar muito bem, mas isso acaba não fazendo tanta diferença quando se toca ao
lado de gente desafinada.
“O recital anual das Smythe-Smiths nunca era um bom
momento para conhecer um cavalheiro, a menos que ele fosse surdo” – pg. 35
Mais uma vez a autora explora o âmbito familiar,
retratando a importância da união, carinho e amor entre eles. Assim como Os
Bridgertons, a família Smythe-Smith apresenta uma relação divertida e unida, e
mesmo que as apresentações preparadas pelas jovens da família sejam assustadoras,
medonhas e apocalípticas (como descreve Sarah), o ambiente familiar acaba sendo
tão acolhedor que não tem como não gostar de estar em meio a tanto barulho e
desafinação.
“Era uma tradição de família e nada importava mais
a Honoria do que a família, nada.”- pg. 36
“- Ninguém vai fugir!- exclamou Honoria. – E todas
vocês vão tocar no recital mês que vem [...] É nosso dever.
- Nosso dever...- repetiu Sarah- Tocar
terrivelmente?
Honoria a encarou
-Sim.”- pg. 38
“Ela amava ensaiar com as primas, mesmo se, com o
tempo, houvesse passado a tampar os ouvidos com chumaços de algodão.” -pg. 121
Admiro a autora por conseguir retratar em um mesmo
gênero históras tão diferentes, abordar novas vidas, novos personagens e novos
romances. Até então não teve uma história que tenha lido que seja parecida com
a outra, e mesmo se houver algum conflito semelhante, a forma que os
personagens lidam com tudo é bem diferente um dos outros. Como sempre, Julia
Quinn, desenvolve personagens plausíveis e com personalidades marcantes. Um
aspecto que amo nos livros dela são os pontos de vistas dos personagens a
respeito de uma mesma situação, por exemplo, em um capitulo relata uma cena e
no seguinte mostra o outro lado da história e as observações do outro
personagem a respeito do mesmo assunto, isso torna o livro ainda mais
interessante.
Como pontuei no post anterior a respeito dos
Smythe-Smith que você pode conferir AQUI, essa família já vinha aparecendo com
seus sofridos e dissonantes recitais em outras séries da autora, portanto o universo das
séries de época de Julia Quinn acaba sendo compartilhado. Nesse primeiro volume
do Quarteto Smythe-Smith, por exemplo, vemos a presença e referências a alguns
personagens de outros livros, como Gregory Bridgerton, Lady Danbury e Colin
Bridgerton. Até mesmo a utilização do “famoso” livro “Miss Butterworth e o
Barão Louco” da autora Sarah Gorely esta presente nessa história. Essa
estratégia é interessante porque desperta o interesse e curiosidade dos
leitores e fãs, que consequentemente, buscam conhecer outros livros e outras
séries da autora.
“Encontrara várias vezes com o Sr. Bridgerton,
normalmente quando ele era arrastado pela mãe para um dos infames recitais das
Smythe-Smiths”- pg. 35
O romance desse primeiro volume dos Smythe-Smith se
passa no ano de 1824, mesmo ano do quarto livro da série Os Bridgertons: Os Segredos de Colin Bridgerton, inclusive a cena do capítulo sete
deste livro é justamente o recital que se encontram Honoria e sua trupe, onde
as personagens Penelope, Felicity, Eloise e Lady Danbury estão comentando sobre
Iris que é a violoncelista do quarteto. Portanto, vemos o outro lado dessa
história em Simplesmente O Paraíso, não é legal?
Em suma, o primeiro volume da série Quarteto
Smythe-Smith retrata sobre um amor cativante e gracioso, sobre o significado de
uma verdadeira amizade e o valor e admiração de uma família unida e divertida,
que é extremamente desafinada, porém feliz. Vale muito a pena conferir!!
Leia também as resenhas dos outros livros da série:
Oii!!
ResponderExcluirNão vejo a hora de ler essa série, mas primeiro tenho que terminar os Bridgertons rsrs
Adorei saber que em alguns momentos temos o cruzamento das histórias, é tão interessante como a autora consegue mesclar, mesmo que "de leve" os personagens e cenas. Muito legal!
Gostei das características que citou do personagem masculino. Já temos tantos libertinos (mesmo sendo tão queridos kkk), que precisamos de protagonistas assim, mais tímidos e sérios, contudo, não menos cativante!
Sei que vou rir bastante com esse quarteto kkk
Adorei a resenha!
Bj!
http://bloghistoriasliterarias.blogspot.com.br/
Oi Cailes,
ExcluirSim esse universo compartilhado é bem legal, e a Julia Quinn faz isso não apenas com seus personagens, mas com de outras autoras também, então quanto mais romances do gênero conhecermos mais vamos notar um personagem ali ou aqui de alguém haha
Eu achei esse livro bem diferente dos outros que li, muita gente achou que demorou pras coisas acontecerem, e concordo que é um pouco lento, porém em nenhum momento achei chato ou parado, a leitura é fluida, divertida e agradável. E o casal se combina perfeitamente, é realmente muito lindo!
Tenha uma ótima leitura com Os Bridgertons e futuramente com esse quarteto desafinado hahaha
Obrigada querida!
Bjuuus!!!! <3