[Especial] Romance de Costumes


Romance de Costumes:
Estilo literário que surgiu na Inglaterra e foi desenvolvido parcialmente em reação  aos romances góticos do final  do século XVIII e aos exageros  do romantismo, se afastando, assim, dos excessos de emoções e laivos de fantasia comuns desse movimento.

O Romance de Costumes tinha como elemento primordial o realismo literário, isto é, os elementos presentes na história se prestam à veracidade dos fatos narrados. Refletia e analisava, normalmente de forma satírica e mordaz, valores, modos, crenças, estruturas e contradições da sociedade de classe média e alta. Era frequentemente dominado por autoras e protagonistas mulheres, no entanto a obra Pamela (1740) , do autor inglês Samuel Richardson, que retrata a ascensão social de uma serviçal, é considerado um precursor deste gênero. O autor trouxe à tona a vida íntima de suas personagens, desejos e questionamentos pessoais, que foi algo inédito para literatura de seu tempo.


Jane Austen:
A escritora nasceu no presbitério de Steventon, Hampshire na Inglaterra em 1775. Em sua infância tinha o hábito de ler com muita frequência e começou a escrever em sua adolescência, quando produziu uma versão preliminar de Orgulho e Preconceito, intitulada Primeiras Impressões (1796-1797). Em 1809, ela se mudou para Chawton, Hampshire, onde escrevia diariamente, observando a vida da sociedade de sua cidade, que ela usou como base para compor seus romances, que são exemplos perfeitos para caracterizar esse tipo de literatura. 


Retrato a óleo de Jane Austen, feito em 1875, de autor desconhecido, baseado na aquarela feita  pela irmã em 1810.

Austen fazia sátira moderada dos costumes da sociedade da época, principalmente referente às classes altas, famílias que viviam confortavelmente, sobretudo de rendas provenientes de dotes e propriedades herdadas, sem grandes preocupações com a vida, retratava sempre diferenças sociais e zombava dos dramas excessivamente indulgentes do romantismo gótico. Tudo isso era encenado por meio de bailes, visitas, longas conversas e muitas fofocas, com humor refinado e diálogos impecáveis. Suas obras continuam sendo populares e lidas no mundo todo, tendo diversas adaptações para peças de teatro, séries, cinema e até mesmo livros que se inspiraram em suas histórias e personagens.

Edições de luxo da Martin Claret.

A autora buscou construir com sutileza o perfil de cada personagem. A vida de suas heroínas são influenciadas por sua classe social e pelos costumes de seu tempo:
  • Elinor Dashwood (Razão e Sensibilidade)- incapaz de demonstrar suas emoções;
  • Marianne Dashwood (Razão e Sensibilidade)- demonstra suas emoções com extrema facilidade;
  • Anne Elliot (Persuasão)- se mete em confusão quando seu antigo amor reaparece;
  • Catherine Morland (A Abadia de Northanger)- acredita ser uma heroína gótica;
  • Emma Woodhouse (Emma)- “casamenteira” cega aos sentimentos das pessoas;
  • Fanny Price (Mansfield Park)- subvalorizada pelo membros de sua família com quem vive (resenha AQUI);
  • Elizabeth Bennet- o orgulho, preconceito e inexperiência levam-na a cometer alguns erros de julgamento (resenha AQUI);          
Edição de luxo da Martin Claret.
       
Além de Jane Austen, podemos citar exemplos que sofreram influência por esse estilo, como Jane Eyre (1847) de Charlotte Bronte, com críticas as divisões e preconceitos de classe na era vitoriana, como também a restrição de expectativas vivenciadas pelas mulheres; A Feira das Vaidades (1847-1848) de William Makepeace Thackeray, onde a hipocrisia e desonestidade da vida em sociedade são satirizadas pelas proezas de Becky Sharp; e A Casa da Felicidade (1905) de Edith Warton, reflete as restrições sociais, econômicas e morais impostas às mulheres. No Brasil, esse estilo literário apontava aspectos negativos da vida urbana e dos costumes burgueses. Temos como exemplo, o livro “Memórias de um Sargento de Milícias” por Manuel Antônio de Almeida, que descreve a cidade, a sociedade e os costumes com malícia, humor e sátira em um momento de mudança da mentalidade colonial para a vida da corte. O autor José de Alencar, também é um grande exemplo deste estilo, cujas obras (Cinco Minutos, Sonhos d’Ouro, Encarnação, Viuvinha, Lucíola, Diva, Senhora) retratam não só a crítica aos aspectos negativos do ideal burguês, como também retrata o amor ideal que vence todos os obstáculos no fim.

Os Romances de Época, comentados no artigo Romances Históricos vs Romances de Época,  apresentam uma grande influência dos Romances de Costumes.

Eloise G.F

Referências:
Livros da Literatura- Globo Livros
Introdução às Literaturas de Língua Inglesa- Jeferson Ferro- Editora Intersaberes
http://www.todamateria.com.br/romance-urbano/

Nenhum comentário :

Postar um comentário

Topo