[Resenha] Corte de Espinhos e Rosas

Corte de Espinhos e Rosas

Autora: Sarah J. Maas

Editora: Galera Record

434 páginas

“Amo você [...] Com espinhos e tudo”. 

Feyre é uma humana e exímia caçadora que luta cada dia para sobreviver e sustentar a sua família. Em uma de suas idas a floresta a jovem se depara com um grande lobo e decide tomar uma decisão que mudará sua vida: matá-lo. A morte do animal resulta em uma visita nada animadora a sua pequena casa. Uma criatura bestial surge com intuito de cobrar a morte de seu amigo (o lobo). O mundo de Feyre, é dividido por uma muralha mágica, de um lado vivem os feéricos e do outro os humanos (uma pequena parte diga-se de passagem). Há alguns anos atrás, os humanos eram escravos dessas criaturas, mas em meio a batalhas um Tratado é forjado com intuito de manter a paz entre essas raças. Mesmo havendo essa separação, os humanos ainda vivem com desconfiança e medo de serem atacados.

O lobo que Feyre matou não era apenas um animal, mas sim um feérico e a única forma que ela tem de se redimir é de ser levada para além da muralha e viver para sempre no mundo dessas criaturas. Para proteger a sua família Feyre decide aceitar o seu destino e acompanhar a criatura para uma região que ela só conhecia através de lendas. Para sua surpresa, Tamlin, o seu captor, não é um feérico qualquer, mas sim um Grão-Senhor Feérico, um ser ainda mais poderoso. O território dos feéricos, conhecido como Prythian, é dividido por regiões e cada uma delas é governada por um Grão-Senhor, sendo Tamlin o Grão-Senhor da Corte Primaveril. E é pra lá que Feyre é levada, no entanto, a jovem percebe que o Grão-Senhor, cujo rosto é escondido sob uma máscara, guarda um grande segredo e sente que algo muito errado vem acontecendo naquele lugar.

 “Nós mortais não tínhamos mais deuses para que rezar [...]”

“[...] em nosso mundo humano desgraçado – protegido apenas pela promessa dos Grão- Feéricos há cinco séculos, em nosso mundo, no qual havíamos esquecido o nome de nossos deuses -, promessa era lei; uma promessa era moeda de troca; uma promessa era sua garanti”

“Amor não alimenta barriga vazia” 

Vejo as pessoas pontuarem a influência e relação do livro Corte de Espinhos e Rosas com o clássico A Bela e A Fera, no entanto, em minha opinião, diante de toda trama, construção de personagens e do universo criado, esse é o ponto mais sutil da história. Percebe-se a influência claro, ela está ali e a autora é fã de contos de fadas e de filmes da Disney e isso é, de fato, uma inspiração para ela, contudo é nítido que há uma fórmula própria e um roteiro muito criativo. E isso é um aspecto que admiro na escrita de um autor, quando ele tem a sua própria essência ou receita para construir, conduzir e narrar a sua história. E já posso afirmar que Sarah me convenceu e me conquistou com sua escrita.

Feyre é o tipo de personagem feminino que adoro. Foi muito interessante- e gratificante- a autora fugir da típica mocinha inocente e ingênua, afinal Feyre não é nada disso. Ela é uma jovem com personalidade, independente, de atitude, pensa sempre na família antes dela e é extremamente corajosa e ousada. Ela é letal quando o assunto é caçar e sensível quando o assunto é pintar. Foi delicioso assistir o relacionamento entre Feyre e Tamlin, que inicia de um modo bem hostil e se torna uma paixão avassaladora. Apreciei cada momento deles na Corte Primaveril e cheguei a desejar, em um certo ponto da história, que tudo ficasse por ali mesmo.

“Ele era um dos Grão-Feéricos, um dos nobres governantes: lindo, letal e impiedoso.”

“O nariz, as bochechas e a testa estavam escondidos por uma exótica máscara dourada, encrustada de esmeralda, como formato de redemoinhos ou folhas.” 

“Não se mantém poder ao ser amigo de todos. E entre os feéricos inferiores e Grão-Feéricos, a mão firme é necessária. Somos poderosos demais, entediados demais com a imortalidade para sermos reprimidos por qualquer coisa.” 

“Eu fora igualmente tola por sentir uma pontada de pena dele, do feérico solitário e deprimido, alguém que eu tão estupidamente tinha achado que realmente se importaria se conhecesse alguém que talvez sentisse o mesmo, talvez entendesse- de meu modo humano, ignorante e insignificante- como era suportar o peso de cuidar dos outros.” 

O livro apresenta uma excelente reviravolta, quando menos esperamos o mundo de Feyre vira de cabeça para baixo – de novo. E a forma que isso é retratado é bem interessante e inquietante, pois mesmo quando Feyre está na Corte Primaveril, onde tudo é maravilhoso, há uma tensão no ar. É nítido que há um mistério em torno dos feéricos e que algo muito ruim está para acontecer, ou seja, a qualquer momento uma bomba vai estourar- isso é claro. A autora soube segurar isso muito bem, em um primeiro momento vemos o mundo lindo e mágico dessas criaturas e no segundo momento percebe-se que tudo não passa de uma fachada.

“Melhor morrer com a cabeça erguida a morrer como um verme, encolhido e covarde.” 

“— Porque eu não iria querer morrer sozinha [...] Porque eu iria querer que alguém segurasse minha mão até o fim, e um pouco depois disso. Isso é algo que todos merecem, humanos ou feéricos.”

Outro ponto que não posso deixar de mencionar são os personagens masculinos desse livro. Cativantes, esbeltos e poderosos são algumas palavras para descrever esses seres místicos. Me apaixonei por Tamlin, Lucien e Rhysand e não vou negar que shippei Feyre com todos eles (sim sou dessas hahah). Mas dos três o meu preferido é o Rhys, (acho que ele deve ter poucas fãs né gente – sqn haha). 

“[...] eu sabia que seguia um caminho que provavelmente terminaria com meu coração mortal despedaçado, mesmo assim...Mesmo assim, não pude evitar.”

“— Porque [...] eu não queria que você lutasse sozinha. Ou que morresse sozinha”

“— Agradeça por seu coração humano, Feyre. Tenha piedade daqueles que não sentem nada.” 

Um aspecto que me deixou muito feliz é que a tradução não utilizou o termo “fada”, mas sim “feérico” que (segundo o dicionário do google) é uma palavra que quer dizer “pertencente ao mundo da fantasia, mágico”, “deslumbrante”, “ofuscante”. Estou falando sobre isso, pois vi uma sinopse em um lugar que estava escrito “fada”, ainda bem que foi descartado- mas é minha opinião ok, se você gosta: tudo bem!:D

“-Por que sua alegria humana me fascina, o modo como vivencia as coisas em sua curta existência, tão selvagem e intensamente e tudo de uma vez, é...hipnotizante. Sou atraído por isso, mesmo quando sei que não deveria, mesmo quando tento não ser.” 

E já que estou falando em magia, amei a forma que Sarah retratou seu universo místico com conflitos, dilemas e maldições. E claro para fechar com chave de ouro a vilã que essa mulher criou: Eu AMEI Amarantha. Em minha opinião, um vilão tem que ser assim: cruel, impiedoso, tirano, traiçoeiro e poderoso, ou seja, tirando esse último item, tudo de ruim e maldade essa mulher é! Sambou como vilã!

Essa foi uma história que me conquistou logo de cara. ACOTAR apresenta uma narrativa primorosa, um universo místico e convincente e personagens cativantes -com direito a mocinha determinada e de atitude; mocinhos lindos, esbeltos e poderosos; e um vilão sagaz, influente e impiedoso. Uma trama misteriosa repleta de intrigas, ação, jogos, romance e magia. Super recomendo!

Bom acho que vocês já devem suspeitar qual vai ser minha leitura de carnaval. Bora ACOMAF<3

Eloise G.F