Resenha: Em Águas Sombrias


Resenha: Em Águas Sombrias
Autora: Paula Hawkins
Editora: Record
364 páginas

Beckford é um lugar tranquilo de viver e um ótimo local para passar as férias. A cidade é cortada por um rio e apresenta uma linda paisagem onde turistas e moradores saem para nadar, caminhar ou fazer piqueniques. Contudo, as aparências enganam. A cidade apresenta um terrível passado que a assombra até os dias atuais.




“Beckford não é um local de suicídios. Beckford é um local para se livrar de mulheres encrenqueiras. ” – pg. 89

Há séculos que Beckford sofre com tragédias relacionadas a mulheres que morrem afogadas em sua região, na maioria das vezes elas são assassinadas ou se jogam por espontânea vontade nas águas escuras do rio para nunca mais retornar. No entanto, o mais intrigante de tudo é que todas apresentam um ponto em comum: o local da morte, que por sinal apresenta um nome bem sugestivo, Poço dos Afogamentos de Beckford.

“É só seguir o rio em todas as suas voltas e reviravoltas, cheias e inundações, gerando vidas e tirando vidas também, que você o encontra. O rio se alterna entre frio e límpido, estagnado e poluído; serpenteia pela floresta e corta como aço os suaves montes Cheviot, e, então, um pouco ao norte de Beckford, ele perde velocidade. Descansa, só por um instante, no Poço dos Afogamentos. ” – pg. 43


O livro tem como ponto de partida a morte de Nel Abbott, uma mulher dedicada a compreender o sentido das histórias que rondavam sua cidade. Ela queria descrever como foram os últimos momentos das mulheres que morreram no Poço, todavia ela não só compreendeu como vivenciou seus últimos momentos de vida da mesma forma que essas mulheres, indo parar no fundo dessas águas sombrias levando consigo todos seus segredos e descobertas, e acabou se tornando mais uma tragédia para cidade. Contudo, sua morte ainda é um mistério, pois não se sabe se é um caso de homicídio ou suicídio. 

“A água, escura e opaca, oculta o que há por baixo: algas que te prendem, que te arrastam para o fundo, pedras pontiagudas que cortam a pele e a carne. Acima paira o penhasco de rocha de ardósia cinza: um desafio, uma provocação. ” – pg. 43


Com a morte de Nel, sua irmã Jules, retorna a Beckford depois de anos sem visitar a antiga casa da família, denominada de “Casa do Moinho”. Ela vai à cidade para assumir a tutela de sua sobrinha, Lena (que é uma adolescente insuportável), compreender as causas que levaram a morte de Nel e descobrir quem estaria envolvido nisso tudo. Jules não tinha um relacionamento agradável com sua irmã e fazia anos que não falava com ela, ignorando todas as suas mensagens. Ela jamais imaginou que um dia retornaria aquele lugar, e agora terá que lidar com os problemas que sua irmã deixou para trás e com todos os seus demônios passados relacionados àquela cidade.

“As coisas que quero lembrar, não consigo, e as coisas que faço de tudo para esquecer não param de voltar à minha memória. ” – pg. 17

O livro é narrado em primeira pessoa, porém a cada capítulo um personagem diferente narra a trama introduzindo seu ponto de vista a história. Isso faz o leitor imergir em um verdadeiro quebra-cabeça cujas peças estão bem embaralhadas, contudo aos poucos elas vão se encaixando e fatos surpreendentes são revelados.

“Há quem diga que essas mulheres deixaram algo de si na água, outros, que a água retém parte do poder de cada uma, pois desde então tem atraído para suas margens as desventuradas, as desesperadas, as infelizes, as perdidas. Elas vêm aqui para nadar com suas irmãs. ” – pg. 44


Acredito que a autora acertou em cheio em criar toda uma história e misticismo em torno do Poço dos Afogamentos, pois isso tornou a trama ainda mais misteriosa. Além da morte central, o leitor se depara com histórias passadas, escritas por Nel, que relatam desde mulheres acusadas de bruxaria afogadas no poço desde o século XVII, até mulheres que se suicidaram ou que foram assassinadas há apenas alguns anos atrás e recentemente. Entre elas, há um suicídio de uma adolescente, que ocorreu um pouco antes da morte de Nel. Katie, que por coincidência – ou não- era a melhor amiga de Lena (filha de Nel), se suicidou sem deixar nenhum recado à sua família. Uma jovem saudável, aparentemente feliz e uma morte repleta de interrogações. Portanto, os mistérios que envolvem a cidade são muito mais enigmáticos do que se possa imaginar. Paula Hawkins nos traz um delicioso suspense psicológico, com uma leitura fluida, personagens autênticos e plausíveis. Ninguém é perfeito ou bonzinho, todos possuem defeitos, guardam segredos e são suspeitos. Assim como as “nadadoras” de Beckford, o leitor imerge nesse universo intrigante e sombrio, se envolve com os dilemas dos personagens e acompanha cada linha em busca de respostas. Super recomendo!!!

Eloise G.F



2 comentários

  1. Oi Elo, amei a resenha, fiquei com vontade ler e eu não leio esses gêneros mas eu comprei dois livros nesse estilo w com certeza ela estará na minha próxima compra.

    Um beijo.

    http://sussurrandosonhos.blogspot.com.br/

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    1. Oi querida!Que bom que gostou! Com certeza, leia sim. Esse livro é muito bom e vale a pena conferir! Super recomendo!

      Bjuuuus!
      <3

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