Resenha: Ligeiramente Maliciosos

Ligeiramente Maliciosos

Autora: Mary Balogh

Editora: Arqueiro

288 páginas

O segundo volume da série “Os Bedwyns” gira em torno de Rannulf Bedwyn, irmão do duque de Bewcastle e segundo na linha de sucessão do ducado, e de Judith Law, filha de um rigoroso reverendo, de posses moderadas, cuja família passa por dificuldades financeiras.

Judith se encontra a caminho da casa de sua tia onde irá morar de favor, quando, repentinamente, a diligência que está viajando derrapa deixando ela e os outros passageiros presos à beira da estrada. Além do acidente, Judith está diante de outro infortúnio, o tempo está fechado e uma chuva torrencial está prestes a cair. No entanto, seu dia toma outra direção quando Rannulf surge na estrada a cavalo e se prontifica a levá-la a estalagem mais próxima como também chamar ajuda para buscar os outros passageiros. Judith aceita a proposta, mas ao se apresentar se identifica como Claire Campbell, uma atriz experiente que está a caminho de York para um novo trabalho. Rannulf também se apresenta com um nome falso, Ralf Bedard, e os dois viajam a caminho da próxima estalagem interpretando seus novos personagens.

“Parecia estar vivendo uma fantasia. Uma deliciosa fantasia.”- pg. 19

“Apenas uma vez na vida, precisava fazer algo ousado, chocante, ultrajante e...atípico.”-pg. 22

Para Judith aquilo tudo era apenas uma aventura que logo logo chegaria ao fim, porém a química entre os dois é tão forte que acabam se entregando a uma noite de amor. Rannulf não desconfia que Judith é uma dama virgem e recatada, e Judith não desconfia que Rannulf é um importante nobre da sociedade -percebe que ele é muito rico sim, mas não faz a mínima ideia de quem ele realmente seja-. Devido alguns contratempos, os dois se separam sem se despedir, contudo, mais tarde, quando os dois se reencontram não há como evitar a verdade que está diante deles: Ralf Bedard é ninguém menos do que Rannulf Bedwyn  que está em Grandmaison Park a pedido de sua avó para cortejar Srta. Julianne Effingham, prima de Judith – menina insuportável- e a atriz Claire Campbell é ninguém menos que Judith Law, a parente pobre da família Effingham que está ali de favor para ajudar sua avó devido aos problemas financeiros que sua família vem passando. Ambos ficam chocados com a revelação, todavia os sentimentos entre os dois continuam os mesmos e ambos tem que decidir se irão se entregar ou não a essa ardente paixão.

O ponto que mais me surpreendeu nessa história é o fato de já iniciar com uma cena de amor. Os dois personagens mal se conhecem e se entregam um ao outro. Eu acho que não teria coragem de tomar as atitudes de Judith (risos), primeiro por achar extremamente perigoso, afinal ela mal conhecia o homem e segundo por ser a sua primeira vez. Todavia, eu compreendo perfeitamente sua situação. Seu destino a levaria para casa de uma tia que a trataria como empregada e suas chances, por ser pobre, de arranjar um bom casamento eram nulas, portanto ela se entregou a essa aventura e teve muita sorte de ser Rannulf o escolhido de vivenciar esse momento com ela, afinal ele a tratou como uma deusa e foi um verdadeiro cavalheiro- até então ele é meu Bedwyn favorito. No fim das contas, eu achei que foi uma das melhores coisas que já aconteceu com ela, foi um momento lindo e único, e acho que era isso que ela queria guardar em sua memória, uma lembrança preciosa, já que ela acreditava que seria uma solteirona pelo resto da vida.

“Gosto do modo como ergue seu queixo, como se desafiasse o mundo a mostrar o que tem de pior. Acho que é nesses momentos que  a verdadeira Judith Law sobe ao palco.”- pg. 147

“Se ao menos aquele momento pudesse durar a noite toda, ou para sempre...”- pg. 188

O romance apresenta uma trama muito bem elaborada, a situação de Judith na casa da tia me lembrou um pouco da Fanny em Mansfield Park (Jane Austen). A maioria dos parentes de Judith são insuportáveis, com exceção de sua avó, e a protagonista é tratada a todo momento como invisível na casa e nos eventos sociais elaborados pela família. Eu acho incrível como Mary Balogh consegue desenvolver um romance que transita de uma paixão ardente para um amor puro e verdadeiro com tanta naturalidade. As personagens dela são autênticas e críveis, e sua narrativa é agradável, fluida e sedutora. Eu me emocionei com o desfecho dos dois primeiros livros da série, gostei como a autora desenvolveu tanto a trama como o romance entre os casais, e isso só me deixou mais animada para ler os próximos volumes. Amo a maioria das capas que a Arqueiro desenvolve para os romances de época, da série Os Bedwyn essa é a minha favorita <3. Eu realmente pensei que ia detestar os Bedwyns por serem metidos, cínicos e arrogantes, mas a cada volume, Mary Balogh consegue me conquistar mais e mais. Super recomendo esse romance de época! 

Eloise G.F