O Misterioso Caso de Styles
Autora:
Agatha Christie
Editora:
Globo Livros
288 páginas
O primeiro romance escrito por Agatha Christie, a maior escritora de
suspense e romance policial de todos os tempos, nos traz o início das aventuras
do excêntrico e sagaz detetive Hercule Poirot. Uma história inteligente, que
envolve um grande mistério entorno de um assassinato. A origem dessa trama é
inspirada em fatos reais da vida da autora, como seu conhecimento profissional
sobre venenos, por trabalhar, na época, na farmácia de um hospital, e também a
chegada de refugiados belgas da Primeira Guerra Mundial.
A história se inicia quando o capitão Hastings é convidado por John Cavendish para passar uma temporada na casa de campo de Styles, em Essex, um local isolado e calmo, onde vivia toda sua família. Todavia, quem tinha todo o controle da casa e de seus bens é a madrasta de John e Lawrence Cavendish, Emily Inglethorp, que herdara todo patrimônio de seu falecido marido. Além deles, vivem na casa Mary Cavendish, a esposa de John; Arthur Inglethorp, atual marido de Emily, um sujeito estranho não aprovado pela família; Cynthia Murdoch, protegida de Emily; Evelyn Howard, a governanta da casa; e também há o Dr. Bauerstein que visita a casa com frequência.
Quando Hastings chega em Styles não imaginava que iria presenciar
momentos de angústia dentro daquela casa, pois dias depois de sua chegada,
Emily Inglethorp estaria morta. A situação fica ainda mais alarmante quando
surge a possibilidade de ser assassinato.
Sendo assim, ele não hesita em chamar seu fiel amigo, Hercule Poirot,
que estava pelas redondezas, e seria a pessoa ideal para lhe ajudar a desvendar
esse mistério.
Poirot é um detetive belga, muito inteligente, detalhista e por muitas
vezes excêntrico. Ele tem permissão da família para analisar o caso, e assim,
passa a colher evidências, entrevistar pessoas e montar seu quebra-cabeça com
pistas que por vezes não se encaixam e testemunhos que podem ser até duvidosos.
Os personagens desenvolvidos por Agatha Christie são bem elaborados e
caracterizados, todos são suspeitos, todos escondem algo. Portanto, em sua
busca, o detetive belga tenta compreender todo processo que levou ao
assassinato, a estratégia e motivos do assassino, e o mais importante quem ele
ou ela é. Várias questões surgem e ao mesmo tempo se esclarecem ao
longo da trama. Uma das características mais impressionantes de Poirot, é que ele não deixa nenhuma ponta
solta e descobre coisas, que nós leitores, nem sequer cogitamos que poderia ter
acontecido.
“Há situações que você tem de confiar em si mesmo.”- pg.174
Apesar desse exuberante detetive desvendar todos os mistérios, quem da voz a
trama e relata todos os acontecimentos ocorridos é o capitão Hastings. Através
dele, o leitor imerge na história e conhece detalhes sobre a personalidade e
ações de todos os personagens envolvidos nesse evento que um dia seria
conhecido como “O Caso Styles”.
O meu primeiro contato com esse detetive simpático e astuto foi em um
livro que continha vários contos da autora. Infelizmente, essa não foi a melhor
escolha para conhecê-lo, pois como as
histórias eram muito rápidas eu tinha a sensação que ele era um personagem
perfeito e que resolvia as coisas com extrema facilidade, e fiquei me
perguntando: Sério? É isso?
Porém, quando peguei esse e outros livros, histórias mais completas,
pude acompanhar com mais detalhes todas as pistas, conseguindo acertar ou até
mesmo me enganar juntamente com o próprio Poirot, achei mais interessante e
divertido. Na verdade achei esse personagem fantástico. A personalidade dele é
muito bem elaborada, e a autora conseguiu me convencer que ele é extremamente
inteligente e focado naquilo que faz, ele enxerga longe e olha os mínimos
detalhes, tudo pra ele é relevante, cada coisa que a pessoa faz ou fala ou vê
naquela casa antes ou durante o crime pode ser de extrema importância para se
compreender a situação de uma forma mais ampla. Ao meu ver ele entende, através
de suas descobertas, os passos e motivos do assassino.
“Tudo precisa ser levado em consideração. Se o fato não se encaixar na teoria, deixe a teoria de lado.”- pg. 114
Uma das coisas que mais me irrita -e que irrita o personagem Hastings
também- é o fato de Poirot não revelar todos os seus pensamentos,
principalmente de quem ele acha ou tem certeza de ser o assassino. Entretanto,
a autora consegue justificar bem esse fato através das conversas entre Poirot e
Hastings, onde o primeiro explica ao seu amigo que não pode esclarecer tudo de vez, pois eles
precisam ser mais inteligentes que o assassino, afinal este não pode perceber
que desconfiam dele. Achei isso muito inteligente e bem desenvolvido na trama.
E tem também o fato de Hastings não conseguir disfarçar muito bem diante das
pessoas que ele considera suspeito.
“Temos que ser tão inteligentes que a tal pessoa não irá suspeitar nem um pouco da nossa inteligência.”- pg. 168
Nessa edição produzida pela GloboLivros há um apêndice apresentando o
capítulo 12 original que foi reescrito pela autora a pedido de John Lane,
cofundador da Bodley Head Ltd. Ele acreditava que a cena do julgamento não era
convincente e deveria ser alterada. Sendo assim, a autora reescreve, porém a
explicação do crime permanece a mesma, mas além de ser revelada no decorrer do
processo judicial, acontece na sala de estar
de Styles, típica cena que acabou se tornando marca na maioria dos romances
cujos mistérios são desvendados pelo detetive
Hercule Poirot.
Outro ponto interessante do livro é o fato de conter figuras referente
a história, como o mapa da casa, isso orienta o leitor a entender melhor o
local do crime. Aconselho, pra quem não conhece ainda a Agatha Christie, a
iniciar pelo primeiro caso de Poirot, é uma obra impecável, com final incrível
e repleto de reviravoltas, quebra-cabeças e muito mistério. Não é a toa que foi
considerado um dos melhores livros de estréia jamais escritos. Toda diagramação
do livro, design da capa, as páginás com um leve tom amarelado, tudo ficou muito bem produzido.
Adorei essa edição.
G.F
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